MARÇO, ESTE MÊS É
DELAS
JUACY DA SILVA
Estamos no início de
Março, um mês especial dedicado `as mulheres, principalmente quando comemoramos o DIA INTERNACIONAL DA MULHER, que ocorre no dia 08, conforme
calendário mundial estabelecido pela ONU.
Ao longo do mes,
principalmente no DIA INTERNACIONAL DA MULHER, muitas ganham flores, bombons,
jantares, cafés da manhã, almoço, festas e tantas outras demonstrações de amor,
carinho, atenção e reconhecimento por tantas coisas boas que as mulheres
realizam, seja como esposas, mães, filhas, madrastas, avos, trabalhadoras,
professoras, enfim, o muito que realizam para a criação dos filhos, os cuidados domésticos e
familiares e também atividades profissionais fora do lar.
Todavia, essas mulheres
que recebem essas homenagens e atenção, não sei se a maioria ou minoria, não
deixam que a gente também destaque o lado triste das relações de gênero, onde milhões
ou talvez bilhões de mulheres ao redor do mundo que são agredidas, violentadas,
discriminadas e excluidas cultural, econômica, social e políticamente. Parece
que em pleno século 21 o mundo ainda continua sendo apenas dos homens e as
mulheres nada mais do que sombras tênue de uma realidade degradante e cruel.
É para essas mulheres que
sofrem tantas formas de violência fisica, emocional, psicológica, preconceito,
racismo e exclusão que devemos voltar nossa atenção e nossa indignação pela
forma como tem sido e continuam sendo tratadas em nossa sociedade, violência
esta que cresce a cada dia, principalmente fruto da omissão do Estado, dos
poderes públicos e das autoridades que acabam estimulando a impunidade de
crimes hediondos como o
feminicídio, o estupro, a
prostituição, o tráfico de mulheres, crianças, meninas, adolescentes, o
trabalho escravo ou semi escravo, a diferença de salário em relação aos homens,
independente do fato de que as mulheres a cada ano terem uma participação maior
nos aspectos educacional e de qualificação professional.
Diversas pesquisas, dados
estatísticos, inclusive de organismos oficiais, estudos e resultados de Comissões
Parlamentares de Inquérito dos Poderes Legislativos Federais, Estaduais e
Municipais que indicam uma distância imensa entre a letra fria das Leis e a
realidade dos fatos, da mesma forma que existe uma distância enorme entre os
discursos de nossas autoridades e o descaso como os poderes públicos atuam em relação
aos direitos das mulheres.
Muita gente exalta a
aprovação de Leis e os discursos das
autoridades, como se isto tivesse poder para mudar a realidade e reduzir
os níveis de violência contra as
mulheres que ainda persistem em nosso
Brasil. Quando ouvimos os discursos do Presidente Temer, de Governadores, de
Ministros parece que no Brasil tudo esta uma maravilha para as mulheres, mas a
verdade é bem outra, o sofrimento, muitas vezes dentro da própria casa, o
assédio e abuso no trabalho, nos transportes públicos e outros locais continuam
a artormentar milhões de mulheres por ano no Brasil.
Os recursos para as
políticas públicas destinadas `a proteção, apoio e combate `a violência contra
as mulheres são mínimos, funcionam só para “inglês ver”. Em milhares de cidades
do país não existe sequer uma delegacia da mulher, o Congresso Nacional muitas
vezes aprova Leis que acabam, a titulo
de “defender a vida”, na verdade aumentando o sofrimento de mulheres vitimas de
estupros e criminalizando não os estupradores, mas as mulheres que sofrem
estupro ou profissionais da área da saúde que tentam prestar atendimento a
essas mulheres.
Entre 2010 e o final de
2018, diversas estudos e estimativas indicam que 435 mil mulheres, incluindo
meninas e adolescentes, que representam 53,5% dos estupros, foram vitimas de violência
sexual no Brasil. Esses são são apenas o número de casos registrados nas delegacias
ou outros órgãos públicos, que, segundo tais estudos representam apenas 10% do número
real de estupros no país. Isto significa que em nove anos, incluindo cinco e
meio em que nosso país foi governado por uma mulher, a Presidente Dilma, nada
menos do que 4,35 milhões de mulheres foram estupradas em nosso país.
As taxas de estupro por
cem mil habitants e por cem mil mulheres entre 2010 e 2017 aumentaram de forma
contínua, além disso os crimes de feminicídios e de viêlencia doméstica também
tem aumentado, ante a morosidade do sisrtema judiciário brasileiro que registra
mais de 900 mil processos baseados na Lei Maria da Penha que continuam
tramitando a passos de tartaruga.
Milhares de mulheres já
foram assassinadas ou continuam sendo
violentadas, espancadas por maridos, ex maridos, namorados, ex namorados,
apesar de terem requerido medidas protetivas contra seus algozes e o poder público
não atuar de fato para garantir tal proteção, inclusive o direito `a vida.
Para comemorarmos o DIA INTERNACIONAL DA MULHER, enfim, o
mes de marco, dedicado a elas, seria mais do que importante que discutissimos e de forma mais crítica e profunda a realidade
em que vive a mulher brasileira. Dar parabens, caixas de bombons, cartões,
abracos ou as homenagens que nossas autoridades gostam de prestar, incluindo
faixas ou cartazes que na verdade representam promoção pessoal e politica
dessas autoridades, `as mulheres é super bacana, como dizem , mas isto não
altera este quadro de violência, discriminação e racismo que ainda ronda milhões
de mulheres em nosso país.
Precisamos de políticas
públicas afirmativas e ações públicas concretas para que os direitos das
mulheres, desde a mais tenra idade até o final da vida sejam algo verdadeiro e
concreto. Chega de blá blá e belas mentiras oficiais!
JUACY DA SILVA, professor universitario, titular e aposentado
UFMT, mestre em sociologia, articulista de diversas veiculos de comunicação.
Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy Blog
www.professorjuacy.blogspot.com
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