BARAFUNDA POLÍTICA E
ELEITORAL
JUACY DA SILVA
Estamos
há praticamente dois meses para a realização de uma eleição muito importante no
Brasil, quando os eleitores, que, pretendemos, representam os anseios, desejos
e expectativas do povo brasileiro, irão escolher um novo ou nova presidente da
República, todos os governadores de estados, dois terços do Senado, toda a
Câmara Federal e todas as Assembléias Legislativas. Enfim, serão escolhidos os
novos governantes e, através da constituição de um “novo” corpo politico, todos os gestores de primeiro, segundo,
terceiro escalões da administração pública do país.
Na
maioria dos países existem regras, regulamentos e legislação que permanecem por
décadas a fio, facilitando a dinâmica politica e eleitoral, dando estabilidade
ao processo e seguranca jurídica, diferente do que ocorre no Brasil, onde tanto a legislação quanto os ritos e regras
politicas quanto eleitorais são alteradas a cada pleito, de dois em dois anos e
ainda, a incerteza e morosidade da justiça comum e da justica eleitoral.
As
regras para as próximos eleições são totalmente diferentes das que vigoravam
quando das eleicoes gerais de 2010 e 2014, incluindo as formas de financiamento
eleitoral, a figura do caixa dois que sempre existiu e todo mundo, inclusive a
justica eleitoral, fazia de conta que nada sabia, nada via e quando as
denúncias eram apuradas os mandados já estavam praticamente no final ou já
havia terminado, o tempo de propaganda eleitoral e outros detalhes mais.
Dois
exemplos são patentes nesta barafunda, o caso da eleição suplementar, quando um
novo governador e vice foram eleitos há poucos meses no Tocantins, para um
mandato tampão até o final do que seria o mandato do governador e vice eleitos
em 2014, cujo processo de investigação e cassação demorou anos.
O
mesmo acontece em Mato Grosso, a cassação do mandato do senador Medeiros nesta
semana, eleito como suplente de Pedro Taques que foi eleito em 2010 e renunicou
em 2015, para assumir o cargo de governador de Estado. A denúncia de que teria
havia fraude na ata da convenção, na ordem dos suplentes da chapa de Pedro
Taques, quando o nome do atual senador Medeiros teria “pulado” de segundo para
primeiro suplente, demorou varios anos e só agora a decisão foi tomada,
possibilitando que tal fraude seja corrigida e o suplente que foi “passado para
traz” possa ter seu mandato garantido por apenas poucos meses.
Muita
gente, incluindo a grande mídia tenta massificar a idéia, errônea em minha
opinião, de que os eleitores tem todo o poder do mundo e podem escolher os
melhores candidatos, dar cartão vermelho para os politicos/candidatos
corruptos, incompetentes, demagogos, ineficientes e espertalhões. Pesquisas
indicam que a grande maioria dos atuais parlamentares, inclusive os investigados
por corrupção serão eleitos ou reeleitos.
A
realidade não é bem assim, quem escolhe os candidatos são os partidos e suas
convenções e a quase totalidade dos partidos tem donos tanto no âmbito
nacional, quanto nos estados e municipios, alguns que mandam e desmandam nos
partidos por mais de duas ou tres décadas. A grande maioria dos partidos não
cultiva a democracia interna, quando muito manipulam seus filiados que
continuam encabrestados pelos donos dos partidos, vários dos quais utilizam as
alianças e composições politicas para acomodarem seus quadros de maior expressão
nos cargos em comissão, onde existe um verdadeiro balcão de negócios, inclusive
excusos como as operação lava jato e outras investigações a niveis nacional,
regional e local tem comprovado.
Outro
aspecto que denigre e transforma o processo eleitoral em uma barafunda, uma
verdadeira mixórdia politica, eleitoral e ideológica são as famosas composições,
onde o que determina como serão construidos os “palanques” dos candidatos a
Presidente, Governadores, Senadores, deputados federais e estaduais nos Estado
não é a coerência doutrinária, ética ou de principios e muito menos as
propostas ou planos de governo, mas sim
o tempo de TV, de rádio ou o montante do fundo partidário que cada partido
possui, os interesses nacionais ou estaduais ou mesmo os interesses da
populacao jamais são levados em conta.
Existem
partidos que se aliam no âmbito nacional com diversas outros e não mantem a
mesma aliança nos estados, disto resulta a eleição de deputados e senadores que
irao “negociar” o apoio parlamentar com o/a presidente da República ou
governadores de Estados, todo mundo sabe que isto acarreta a fragilidade de
tais governos que acabam resvalando para práticas nada ética ou melhor,
práticas corruptas para conseguir apoio parlamentar e poder governar.
Diante
de toda esta balbúrida politica e eleitoral fica dificil imaginar que 2019
poderá ser um ano de transformação politica, econômica, social ou de governança
em nosso país. Eleições em uma realidade como a que existe atualmente no Brasil
não terão o poder de uma varinha de condão que possa alimentar as esperanças do
povo. Vamos continuar convivendio com as mesmas figurinhas já carimbadas e bem
manjadas que levaram o país e nossos estados a esta vergonha em que estamos
vivendo.
JUACY DA SILVA, professor universitário, UFMT, mestre em
sociologia, articulista e colaborador de diversas veiculos de comunicacao.
Email professorjuacy@yahoo.com.br
Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
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