DESAFIOS DO
ENVELHECIMENTO
JUACY DA SILVA
Conforme
destacado em meu último artigo, o mundo de uma maneira geral e os países
desenvolvidos de uma maneira particular estão envelhecendo de forma bem rápida.
Com excessão dos países africanos e alguns asiáticos que ainda não iniciaram a
transição demográfica, países emergentes como o Brasil, a China, a Turquia e
outros mais também estão em processo bastante acelerado de envelhecimento.
Com
certeza o processo de envelhecimento não afeta apenas cada pessoa ou familia em
particular, mas tem reflexos profundos na vida econômica, social, politica,
institucional e cultural de cada país e, por extensão, é uma questão de
interesse internacional, razães pelas quais tanto a ONU, durante suas
assembléias gerais desde os anos setenta e oitenta, bem como seus organismos
especializados como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização
Internacional do Trabalho (OIT) e outras instituições internacionais e
nacionais vem alertando para que os países se preparem para o que poderá ser
uma das maiores revoluções na história da humanidade.
O
processo de envelhecimento pode ser notado a partir da análise de alguns
indicadores, tanto a nível mundial quanto dos diversos países, inclusive o
Brasil. Dentre tais indicadores podemos mencionar a expectativa de vida ao
nascer e a expectativa de vida em cada faixa etária; os índices de
fertilidade/fecundidade ou seja, número de filhos por mulher durante seu
periodo reprodutivo; índices de mortalidade geral e de mortalidade infantil;
índices de migração interna e internacional; participação da mulher no Mercado
de trabalho, índice educacional em geral e por gênero em particular; número e
percentual de pessoas com mais de 60, 70,80,90 ou cem anos.
De
posse desses dados é possivel construir cenários demográficos, sócio-econômico
e os impactos que o processo de envelhecimento tem sobre os diversos aspectos
da vida nacional, por exemplo, Sistema previdenciário, sobrevida das pessoas
após se aposentarem, taxa de dependência econômica, ou seja, percentual de
pessoas que não trabalham (criancas/adolescentes e aposentados/idosos) x população
economicamente ativa e população ocupada.
Outro
desafio, talvez o maior de todos relacionados com o processo de envelhecimento
será a questão da saúde pública em geral e a saúde dos idosos em particular,
com destaque para as doenças crônicas, debilitantes e incuráveis,
principalmente pelo fato que a cada faixa etária a pessoa idosa tem a propensão
de ter maiores problemas de saúde, inclusive saúde mental e doencas
neurológicas relacionados com o envelhecimento como as várias formas de demência,
alzheimers, Parkinson, câncer, doencas cardio-vasculares, principalmente.
Os
custos da saúde/doencas que afetam a população idosa são muito maiores do que o
custo da saúde/tratamento de doencas para a população não idosa e ai é que
reside um grande desafio, tendo em vista que dentro de duas ou no máximo tres décadas
a maior concentração de idosos será nos países emergentes e de baixa renda,
incluindo o Brasil que terá a quinta maior população de idosos do planeta.
O
envelhecimento não apenas reproduz mas também torna mais cruel as taxas de
empobrecimento, de fome, miséria e exclusão que existem na maior parte dos
países, mas com maior ênfase nesses países emeregentes e de baixa renda.
No
Brasil, por exemplo, as taxas de concentração de renda, medidas pelo índice de Gini é uma
das maiores do mundo. Isto significa que a população pobre, excluida e de baixa
renda será representada pela população idosa pobre e excluida.
Enquanto os países atualmente desenvolvidos tiverem um longo tempo, mais de um século para preparar suas instituições públicas e a infra estrutura econômica e social para encarar os desafios do processo de envelhecimento, os países emergentes, incluindo o Brasil, e os de baixa renda como a maioria dos países africanos e asiáticos não tiverem a preocupação de um planejamento de longo prazo para enfrentar os novos e atuais desafios decorrentes do processo de envelhecimento populacional.
Os
governates desses países, inclusive do Brasil, além do imediatismo, falta de
visão estratégica, mediocridade no trato das questões econômicas e sociais,
aliada `a corrupcao e atuação voltada muito mais para seus interesses de classe
ou de grupo econômico, estão relegando e continuarão relegando milhões de pessoas idosas `a
marginalização ou apenas aos cuidados das respectivas familias, que também não
dispõem de recursos financeiros ou de outra ordem para os cuidados que a população
idosa necessita e merece.
Precisamos
incluir, de verdade, a população idosa na agenda, não apenas das discussões
eleitorais, recheados de mentiras e demagogia ; mas fundamentlmente, na pauta e
na definição real das politicas públicas. Se isto não for feito com urgência,
idosos e idosas estarão condenados a uma vida miserável em sua última etapa da
existência, nada humana, altamente
desumana.
JUACY DA SILVA,
professor universitário aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e
colaborrador de diversos veiculos de comunicação. Email professorjuacy@yahoo.com.br
Twiter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
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