POR UMA NOVA AGENDA VERDE
PARA MATO GROSSO
JUACY DA SILVA
Mato Grosso passa
por um momento decisivo em sua história. Rico em recursos naturais como vastas áreas agricultáveis, abundância
de água, três ecossistemas exuberantes:
Pantanal, Cerrado e Mata Amazônica, nas últimas quatro décadas passou a ser
considerado o celeiro do Brasil e do mundo.
No entanto, apesar de
ser campeão na produção de algumas
monoculturas como soja, milho,, algodão e também pelo seu rebanho bovindo com
mais de 21 milhões de cabeças, ainda padece de alguns ascpetos negativos como
uma grande concentração de renda e um passivo ambiental que trarão sérios transtornos para uma grande parcela da população que ainda não está incluida neste processo.
Convivem em Mato
Grosso duas sociedades, uma extremamente
rica, cosmopolita, representada
fundamentalmente pelos barões do agronegócio
e uma outra empobrecida que vive de salário mínimo e que faz parte da clientela do bolsa
família e dos cuidados do SUS, um
Sistema universal de fachada representado pelo CAOS permanente na saúde.
Diante dessas mazelas,
algumas medidas devem se tomadas para possibilitar que os frutos desse crescimento econômico seja
revertido um pouco mais na distribuição de renda, na equidade e no
bem estar mais amplo para a população e
não apenas como um privilégio da minoria
de portentados.
Tais ações tanto nos
campos econômico quanto social e
ambiental devem ser conduzidos pelo Estado
em parceria com os municípios,
com o empresariado, principalmente os do agronegócio e com outros setores incluindo as
Universidades, Centros de Pesquisas, orgãos
de fiscalização e controle, organismos federais e entidades da sociedade civil organizada.
E muito melhor e mais
racional dividir os anéis hoje do que perder tudo, inclusive a
propriedade e a vida amanhã, como está
acontecendo em diversas partes do mundo conflagradas por lutas
fratricidas entre os que tudo tem
e os que nada tem a perder.
Nesta oportunidade
apressentamos ao público leitor algumas idéias
que devem nortear a definição de
uma nova agenda ambiental ou agenda verde para
nortear o planejamento estratégico e o desenvolvimento de nosso Estado,
de uma forma mais justa, integrada e inclusiva.
O que precisamos tanto no Brasil quanto em todos os estados e
municípios é o resgate do planejamento estratégico, com visão de longo prazo,
para superar a descontinuidade e a
visão imediatista que existe em nossa política. Geralmente a chamada classe política, que
na maioria das vezes se confunde
com a chamada classe empresarial, tem uma visão limitada no tempo, ou seja, mal
toma posse os eleitos e os gestores públicos que fazem parte da “nova gestão”, já
começam a pensar e articular suas
ações visando as próximas eleições.
Até mesmo aqueles
partidos e políticos que são reeleitos, como foi o caso recete da
Presidente Dilma, não conseguem dar continuidade `as suas ações e a cada momento ocupam os espaços da mídia para “lançar” novos planos, pacotes, muitos dos quais tem
apenas uma finalidade de propaganda e “marketing” do que propriamente uma visão integrada e de longo prazo; ou seja, nossos governantes não conseguem pensar de
forma estratégica mirando nos destinos
do país, do estado ou do município. Quando muito pensam nas próximas eleições e
na sua própia sobrevivência política ou de seu grupo ou partido.
A seguir apresentamos
algumas sugestões que poderiam nortear a
elaboração de um plano estratégico de desenvolvimento sustentável, com
uma visão de longo prazo, até 2035, econômicamente
factível, socialmente justo,
ambientalmente sustentável e
políticamente correto.
ASPECTOS FUNDAMENTAIS
A SEREM CONSIDERADOS NA ELABORAÇÃO DE PLANOS E DESENVOLVIDOS ATRAVÉS DE MEDIDAS LEGAIS E AÇÕES DE GOVERNO E DA
SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA .
1. Controle, redução e
proibição do uso de agrotóxicos e medidas reparadoras/mitigadoras para os danos já provocados pelo uso excessivo de agrotóxicos nas atividades agro—pecuárias
em Mato Grosso.
2. Proteção e recuperação de nascentes e matas ciliares
degradadas no Estado , garantindo também as APPs áreas de preservação permanente e das APAs – áreas de
proteção ambiental, incluindo parques nacionais, estaduais
e municipais, áreas indígenas e
sítios arqueológicos.
3. Proteção das nascentes formadoras das bacías amazônica e do paraguai; despoluição dos rios, ribeirões e córregos de Mato Grosso, principalmente nas áreas urbanas
4. Investir em um programa
massivo de saneamento básico,
construção de redes de coleta
e estações de tratamento de esgoto em
todos os municípios.
5. Incentivo ao desenvolvimento e uso de fontes alternativas
de energia: Solar, eólica , biomassa e
lixo.
6. Estímulos e
implantação de um programa
estadual de agricultura orgânica,
inclusive nas áreas urbanas e periurbanas
(entorno das cidades), possibilitando a segurança alimentar e a geração
de emprego e renda para agricultores familiares tendo como base a
economia solidária.
7. Recuperação de
áreas degradadas, através do reflorestamento e outras atividades econômicas,
reduzindo os riscos ambientais.
8. Combate mais
efetivo e sistemático ao
desmatamento e `as queimadas rurais e urbanas, reduzindo a poluiçãao ambiental.
9. Estímulo ao desenvolvimento
do reflorestamento - florestas
plantadas, reduzindo o desmatamento e criando oportunidades econômicas,
gerando emprego e renda.
10. Fortalecimento da piscicultura em cativeiro, reduzindo a pesca predatória
e a pressão da demanda sobre peixes dos rios
11. Programa de
desenvolvimento de cidades sustentáveis
com práticas modernas e mais eficientes ambientalmente.
12. Fortalecimento dos
Comitês de Bacias e
sub-bacias como unidades de planejamento estratégico no Estado de Mato
Grosso.
13. Apoio `a elaboração , implantação e monitoramento de Planos Diretores
Municipais e Plano Diretor da Região
Metropolitana da Região do Vale do Rio
Cuiabá.
14. Apoio para que os
municípios possam elaborar e implementar planos setoriais de resíduos sólidos , coleta e tratamento de lixo industrial, hospitalar e tecnológico;
15. Apoio para que os municípios possam implantar a coleta seletiva e reciclagem, reduzindo o
volume de lixo doméstico e a
degradação ambiental, principalmente nas maiores cidades do Estado.
16 Constituição de uma Equipe
multidisciplinar, intersetorial e inter institucional, para articular as
ações relativas `as Metas do Milênio, PÓS
2015, em consonância com a programação da ONU e suas agências de
desenvolvimento econômico e social sustentáveis. (Ver documento da ONU “Um
milhão de vozes: Qual o mundo, o País, o
Estado e Município que queremos para os próximos 20 anos?”
Se não cuidarmos bem do meio ambiente agora, muitas gerações
futuras pagarão uma enorme conta
deste passivo ambiental. Isto não é justo e nem ético! Os lucros
exorbitantes de hoje que são apropriados por uma minoria serão os prejuizos que toda a sociedade terá que pagar por anos e décadas no futuro, com juros absurdos. Isto é
chamado de “passivo ambiental”
Cuiabá, 18 de Junho de 2015
JUACY DA SILVA,
professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre
em Sociologia. Articulista de A Gazeta
e de diversos Sites e Blogs de
MT e outros Estados. Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
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