CARNE FRACA E PODRE
JUACY DA SILVA
Em
um país em que ex ministros, ex parlamentares municipais, estaduais e federais,
ex governadores, grandes empresários, até mesmo alguns integrantes do poder
judiciário e inúmeros gestores públicos, inclusive da maior estatal brasileira foram
acusados de corrupção, investigados com ordem da Justiça, presos e condenados,
por terem roubado bilhões dos cofres públicos, a prisão de alguns fiscais
sanitários do MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento não
deveria causar tanto espanto e nem mobilizar tantas energias, tempo e
explicações por parte das mais altas autoridades da República.
Quando
estouraram as denúncias do então deputado federal Roberto Jefferson, durante as
investigações da corrupção e roubalheira nos Correios e vieram a público as denúncias de que havia um grande esquema de
corrupção, cujo chefe seria o então homem forte do Governo Lula, o ministro chefe da casa civil José Dirceu, que
tinha gabinente no Palácio do Planalto, o presidente Lula dizia que nada de errado estava acontecendo e
que tudo não passava de uma grande trama
da oposição, alimentada por uma “imprensa golpista”.
Os resultados vieram a público e a população passou a ter conhecimento de que
nosso país poderia estar sendo governado por criminosos de colarinho branco. As
penas aos condenados no Mensalão foram extremamente brandas e a maioria desses
criminosos enquistados no poder acabaram recebendo indulto por parte da presidente Dilma. Entre as
denúnicas iniciais e o indulto
foram mais de uma década e as penas
quase nunca passaram de dois anos.
Muita gente ainda teima em dizer que toda a
corrupcão nos e dos governos Lula e
Dilma eram exclusivamente do PT, esquecendo-se de que o partido de Lula para se
manter no poder por longos 13 anos teve que aliar-se ao PMDB, PDT, PTB, PR, PP, PCdoB, PSB, PV e
outros mais, com os quais dividia cargos importantes tanto no poder legislativo
quanto no poder executivo, neste ultimo caso na Adminstração Federal, cuja estrutura
de poder continua sendo negociada e barganhada em um verdadeiro balcão de
negócios, no que se costum dizer “toma lá , dá cá” ou no dizer de alguns
políticos importantes, parafraseando, de uma forma malévola, o pensamento de São
Francisco de Assis de que “é dando que se recebe”. Todas essas negociatas que
acabam em corrupção e muita roubalheira aos cofres públicos são feitas em nome
da “governabilidade”, um novo nome para o que poderia ser dito como um assalto
ao poder!
Nesses
tres anos de operação LAVA JATO, principalmente as investigações, condenações e
prisões conduzidas pela Força Tarefa instalada em Curitiba, sob a batuta do
Juiz Sérgio Mouro, que não tem titubeado em mandar para a prisão políticos e
altos gestores e grandes empresários, vem demonstrando que a corrupção é muito
maior do que podemos imaginar. Pena que o mesmo não aconteça com políticos,
gestores e governantes que gozam de foro privilegiado, uma excrecência que precisa
acabar para que o Brasil fique livre de ladrões de colarinho branco enquistados
em altas posições da política e da administração pública nacional, estaduais e
municipais.
Pois
bem, este fato de terem sido presos, temporária ou preventivamente alguns
fiscais do MAPA e alguns Executivos de frigoríficos e de
empresas exportadoras de carnes bovina, suina e frangos do Brasil, cujo Mercado
foi conquistador ao longo dos últimos dez ou vinte anos e que envolveu uma
verdadeira peregrinação de missões comerciais de alto nível, incluindo
governadores, ministros e até presidentes da República , não chega a ser
novidade e nem surpresa para a maioria
da população que já vem sendo sacudida por sucessivos e inúmeros escândalos de
corrupção, por CPIs do Congressso Nacional que tem revelado boa parte deste
esquema sórdido envolvendo gente importante da política e da economia de nosso
país, cujos resultados, na maior parte dos casos tem acabado em “pizza”.
Em
um primeiro momento o Governo Temer, que também
possui alguns ministros e
parlamentares dos diversos partidos que o apoiam no Congresso integrando as
duas Listas do Janot e em delações
premiadas por parte de executivos da Odebrecht, incluindo a própria Chapa
Dilma/Temer que levou o atual presidente ao poder, com o impeachment da ex
presidente petista, tenta por todas as formas desviar a atenção da opinião
pública nacional e abrandar as reações da maioria dos paises importadores de
carnes e derivados do Brasil, que suspenderam as importações da carne
brasileira.
Para
variar busca-se sempre um culpado, um bodo espiatório para jogar a culpa do mal
feito em alguns, esquecendo—se de que o Brasil vem sendo envolvido em grandes
esquemas de corrupção há mais de tres décadas, desde o Governo Sarney, passando
pelo impeachment de Collor, de Dilma e nas revelações da Odebrecht. No momento
parece que a culpa deste prejuizo bilionário tem sido imputada `a Polícia
Federal e não ` a forma como os postos de commando da administração pública são
preenchidos, no leilão que os partidos conduzem no balcão de negócios, uma
porta aberta ou escancarada para a prática da corrupção.
Os
mecanismos de fiscalização e a eficiência do SIPE Sistema de Inspeção Federal, não resta a menor
dúvida, são reconhecidamente eficientes, mas as engrenagens que definem quem e quais
partidos vão ocupar os postos de comando dos ministérios continuam sendo
fisiológicos, de acordos espúrios entre partidos, enfim, uma porta aberta e um
convite para que todos os setores estejam a mercê da corrupção e de políticos
corruptos que continuam mandando nos partidos e na política brasileira.
Seria
bom o Governo Temer e seus ministros
baixarem um pouco a bola e aguardarem as
investigações da Polícia Federal, cuja eficiência e independência tem sido motivo
de apoio por parte da população, prncipalmente quando se trata dessas operações
“caça corruptos”.
JUACY DA SILVA,
professor universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, mestre em
sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites, blogs e outros
veículos de comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com
Twitter@profjuacy
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