NOVA GEOPOLÍTICA
MUNDIAL
JUACY DA SILVA
Enquanto o Brasil estava todo em festa,curtindo
intensamente o carnaval, um dos maiores espetáculos da terra, o Governo
Trump preparava seu primeiro discurso
perante o Congresso Americano, a Suprema
Corte, representando o Poder Judiciário, o corpo diplomático acreditado em
Washington, D.C.(Distrito de Colúmbia, a Capital do Império do Norte), uma tradição de décadas ou mais de dois
séculos, quando os presidentes Americanos fazem um balanço do que chamam “O Estado
da União” e apresentam futuras linhas de ação.
Por ser o primeiro
pronunciamento desta natureza, com pouco mais de um mes no exercício das
funções de Chefe do Poder Executivo,
este sempre é o momento em que os
presidentes Americanos apresentam suas
diretrizes geopolíticas e
estratégicas, falando tanto para o público interno quanto também para o resto do mundo, os
demais países e blocos econômicos, militares; enfim, fala para aliados ,
adversários e inimigos.
De forma clara cada presidente diz a que veio e o que
pretende realizar ao longo de seu mandato , para os próximos quatro anos, mas
já pensando no que chamam de “segundo termo” ou seja um segundo mandato, pois a reeleição dos
presidentes no exercício do cargo nas últimas décadas tem sido mais uma regra do que excessão. Este
é o momento de estabelecer os princípios e as bases do que se costuma chamar de
doutrina. No caso desta última terça feira, foram apresentadas as bases da Doutrina Trump.
Na política interna o
presidente reforçou a idíea da retomada mais acelerada do crescimento econômico,
dizendo que espera que a economia
Americana volte a crescer 3% ano
ano, o que seria uma grande guinada tanto em termos internos quanto em termos
internacionais. Para tanto promete um
grande pacote de mais de um trilhão de dólares de investimentos públicos e
privados na infraestrutura do país, criando milhões de empregos.
Outro aspecto desta
doutrina é ocombate acirrado contra imigantes ilegais já instalados nos
EUA e uma pressão muito grande em relação
aos pretendentes imigrantes oriundos de países de maioria islâmica e que possam
oferecer riscos de ações terroristas. Em relação ao vizinho do sul, o México, o
Presidente voltou a defender a construção de
um muro com mais de 4 mil km de extensão e uma fiscalização mais efetiva
contra a entrada de imigrantes ilegais ,
os quais são classificados por Trump
como ameaça `a segurança interna, por facilitar a entrada de drogas e criminosos
no país,aumentando a violência doméstica.
Ainda em relação aos
vizinhos mais próximos, México e Canadá que, juntamente com os EUA formaram há
mais de uma década a área de livre comércio do norte, ou NAFTA, Trump diz que vai fazer
uma avaliação mais profunda e promover
mudanças para defender os
interesses do país e considera,
inclusive, sair do tratado, como fez em relação ao Tratado de livre comércio do
pacífico ou transpacifico, que ainda não
havia sido ratificado pelo Congresso
amaericano.
Outro fundamento desta
nova geopolítica é a ênfase no fortalecimento do poderio militar dos EUA e a
exigência de que os países aliados, como no caso da OTAN, também façam maiores
investimentos nas áreas militar e de defesa, incluindo a proposta para que o
Japão possa ser nuclearizado, em função da ameaça da Coréia do Norte.
As bases da Doutrina Trump podem ser resumidas
em seus slogans como “America first”, ou
seja, América, vale dizer EUA, em
primeiro lugar e o outro façamos os EUA
grandes de novo ou “make America great again”.
Isto representa um apelo ao nacionalismo, ao protecionismo
econômico e a idéia de que os EUA devem voltar a ser, de fato, a única
superpotência no mundo, com capacidade de defender-se militar, econômica,
diplomática e culturalmnte perante todos os demais países do mundo, matendo a
supremacia Americana. Isto pode, por outro lado, provocar um nova corrida armamentista e estimular mais
conflitos e ações terroristas mundo afora.
Existem vários outros aspectos desta “nova doutrina”,
inclusive a questão ambienta, com a possível retirada dos EUA do acordo do
clima de Paris, que merecem ser analisados mas que, devido ao espaço limitado deste artigo, ficam para
uma outra oportunidade.
Vale a pena acompanhar
o desenvolvimento das ações que Trump
vem defendendo e como tanto o partido democrata, quanto os diversos setores da sociedade americana e
os demais países, principalmente os que serão afetados pelas medidas
protecionistas que o mesmo propõe poderão reagir. O fato concreto é que estamos
diante de uma nova realidade na ordem mundial.
JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado
UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites,blogs e
outros veículos de comunicaçao. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
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