EM DEFESA DA VIDA E
DOS BIOMAS
JUACY DA SILVA
Todos os anos a Igreja
Católica, através da CNBB realiza a Campanha da Fraternidade, um chamamento e um alerta a todos os cristãos
e não cristãos de nosso país para alguns dos mais sérios e graves desafios que o Brasil enfrenta.
Ao longo dos últimos
anos diversos temas relacionados com o meio ambiente foram objeto da Campanha da Fraternidade e
novamente, em 2017 o tema escolhido foi “Fraterenidade: biomas brasileiros e a
defesa da vida”. O desenvolvimento da
Campanha da Fraternidade ocorre durante a quaresma , considerado um
momento importante na vida dos cristãos, pois representa uma oportunidade para uma análise mais
profunda de nossa fé em um contexto histórico definido e ao mesmo tempo um
despertar para uma nova conversão.
A Campanha da
Fraternidade está embasada nos ensinamentos da Igreja Católica,
principalmente em sua Doutrina Social e
nas diversas Enciclicas e exortações dos
papas, considerados autoridades máximas da Igreja. Nesta campanha existe um chamamento especial para a Encíclica
Verde, a Laudato Si, escrita pelo Papa Francisco em 24 de maio de 2015,
considerado um novo marco no pensamento ecológico da Igreja ; cabendo aos
católicos e também não católicos, principalmente aquelas pessoas que abraçam a
bandeira do meio ambiente e da “conversão ecológica global”, no dizer de São
João Paulo II, em 2001quando abordou a questão da degradação ambiental que
estamos presenciando de forma acelereda em todos os países, inclusive no
Brasil.
O Brasil é o quinto maior país com mundo em área, com 8,5 milhões de
km2, detendo a maior reserva de água
doce do planeta, de florestas, de biodiversidade e com seis biomas, AMAZÔNICA,
CAATINGA, MATA ATLANTICA, PAMPAS, CERRADO E PANTANAL, objeto da Campanha da Fraternidade deste anos. Em termos de população nosso país também se destaca como o quinto país no
mundo, com 207,3 milhões de habitantes.
Lamentavelmente o Brasil
tem tido sua imagem interna e internacional relacionada com a degradação
ambiental, como falta de saneamento básico, a transformação de rios, córregos e
o mar como grandes depósitos de lixo e esgotos sem tratamento, com um
desmatamento desenfreado, com poluição urbana,
com destruição da biodiversidade, com o uso incontrolado e abusivo de
pesticidas, agrotóxicos que contaminam o solo, o sub-solo e os cursos d’água,
afetando negativamente a qualidade de vida da população.
Mato Grosso, por
exemplo, é o único Estado que tem em seu território parte de tres biomas
brasileiros, a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal. Esses tres
biomas tem sofrido uma degradação
em decorrência do modelo de desenvolvimento, considerado predatório, representado pela expansão das fronteiras agrícolas que não tem poupado
nem a Amazônia, nem o Cerrado e há alguns anos vem ameaçando o Pantanal. O passive
ambiental que este modelo tão decantado por nossas autoridades e grandes
empresários,principalmente do agronegócio, é imenso. Enqunto o lucro da
exploração e destruição desses biomas
vai para a conta bancária e a opulência desses novos marajás, o ônus pela
destruição e talvez recuperação desses
danos vai ser debitada para as
gerações futuras.
Além desses aspectos,
cabe destacar que a urbanização acelerada do Brsil em geral e dos Estados do
Centro Oeste, principalmente nas últimas tres ou quadro décadas, sem
planejamento, com ocupações desordenadas e um alto índice de especulação
imobiliária estão destruindo bacias hidrográficas, transformando Rios e
córregos em verdadeiros esgotos a céu aberto, como acontece com o Rio Cuiabá e
seus afluentes, confome constatado pelo Ministério Público em estudos
recentes que embasam o projeto “águas
para o futuro”.
Este é o momento mais
do que oportuno para que a Igreja Católica, através de suas Arquidioceses,
Dioceses, Paróquias e Comunidades , enfim, cristãos, outras denominações e
também os não cristãos facam uma
reflexão sobre as ações públicas e privadas que devem ser tomadas com urgência,
antes que nossos Biomas estejam completamente destruidos e com eles, a
destruição da biodiversidade, afetando profundamente a qualidade de vida,
colocando em risco a própria sobrevivência da espécio humana!
Oxalá nossas
autoridades, nossos governantes, a maioria dos quais se dizem cristãos entendam
e atendam este chamamento da Campanha da Fraternidade e se convertam ecologicamente e possam
definir políticas públicas que atendam os compromissos que o Brasil é
signatário, como a Agenda 2030 da ONU, denominada de DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL e o acordo do Clima de Paris, recentemente aprovado em Paris.
Só assim teremos
certeza de que a destruição de nosos biomas e a defesa da vida será uma realidade concreta e não apenas discursos
e belas palavras para “inglês ver” ou mera letra morta em documentos oficiais.
JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado
UFMT, mestre em sociologia, colaborador e articulista de jornais, sites, blogs
e outros veículos de comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
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