MAIS UMA LISTA DO
JANOT
JUACY DA SILVA
Em março de 2015, o
Procurador Geral de Justiça enviou um pedido para que o STF autorizasse a abertura de processo de
investigaçao criminal, tendo como alvo 47 parlamentares, senadores da República
e Deputados Federais e outros ex
parlamentares, enfim, a fina flor da chamada classe política, cidadãos acima de qualque suspeita.
Em tres dias o então ministro relator da
operação lava jato no STF Teori Zavaski
autorizou o início das investigações e determinou a suspensão do sigilo
dos processos, afinal transparência faz
bem para a democracia e ajuda a combater a corrupção.
Vale mencionar que é o
STF quem acolhe pedidos para que pessoas
ilustres e que gozam do famigerado , uma verdadeira excrecência jurídica que
existe em nosso país, o vergonhoso estatuto jurídico do foro
especial/privilegiado ou por “prerrogativa de função”.
Até hoje, passados dois anos, praticamente nada
aconteceu, as investigações a cargo da
Procuradoria Geral da República andam a passos de tartaruga e o mesmo deverá acontecer quando e se forem
apresentadas as denúncias, correndo um sério risco de que boa parte desta onda
da LAVA JATO, em se tratando de tanta gente importante acabe em pizza ou seja arquivada por decurso
de prazo ou os acusados deixem de ter a
proteção do foro privilegiado. O mensalão, levou oito anos entre o início das
investigações e as condenações pelo STF
e mesmo assim, nenhum réu, politico, condenado cumpriu mais de dois anos
e meio de cadeia e diversos acabaram
anistiados por indulto assinado pela ex presidente Dilma.
Agora, para
comemorar esses dois anos de
operação “banho maria”, que na verdade
é um manto protetor a políticos com
mandatos e funções ministeriais, o país entre a euforia e o descrédito é
sacudido por uma NOVA LISTA DO JANOT,
com pedidos de inquérito para investigação criminal envolvendo 170
políticos com ou sem mandato.
Esta lista é oriunda
das 77 delações de ex-executivos da ODEBRECHT, homologadas
pela Ministra Carmem Lúcia, Presidente
do STF, no vácuo aberto com a morte
repentina do então Ministro Teoria
Zavaski. A decisão sobre este pedido para a investigação de altos
figurões da política brasileira, na verdade uma vergonha, estará a cargo do Ministro Edison Fachin, que foi
escolhido para ser o novo Relator da LAVA JATO no âmbito do STF.
Em sua decisão,
que a opinião pública espera não demore muito, o ministro Fachim decidirá
se autoriza a Procuradoria Geral da
República a dar continuidade `as investigaçõess e oferecer as
denúncias sobre os integrantes desta nova LISTA e se a mesma deve ter
suspenso o sigilo, possibilitando aos eleitores, cidadãos e
contribuintes saberem de fato quem é quem neste mundo nebuloso da política,
onde atividades parlamentares se confundem com a criminalidade de colarinho
branco.
Desta vez a NOVA LISTA DO JANOT atinge o coração do
governo Temer, incluindo diversos ministros que ocupam gabinetes no palácio do
planalto e em outros edifícios de Brasilia.
Inclui também senadores e deputados federais, a alta cúpula do PMDB, partido do Presidente e também de seu principal partido de
sustentação, o PSDB, além dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados,
diversos líderes partidários, e também
os ex
presidentes do Senado/Congresso, Lula
e Dilma, além de alguns de seus
ex ministros.
Para quem imaginava
que com o impeachment de Dilma e o alijamento do PT e
alguns partidos aliados do centro do poder e do palácio do planalto tudo iria mudar, que o Brasil iria encontrar
seu caminho , milhões de pessoas que
durante mais de dois anos ocuparam ruas,
praças e avnidas deste país, o clima é
muito mais de tristeza e de decepção do que de esperança e regozijo.
O povo brasileiro
constata que a aliança que levou ao poder a chapa Dilma/Temer, que também está sendo investigada por corrupção e
abuso do poder econômico, tinha outros sócios
e que boa parte dos partidos que estavam com Dilma, pularam de lado e
estão com Temer. Enfim, a corrupção está
muito mais entranhada no mundo politico e em Brasília do que se pode imaginar.
O triste é saber que a
burocracia do Sistema judiciário brasileiro , com sua lentidão e diversos mecanismos protelatórios,
facilitam que a corrupção e os mal feitos cometidos pelo mais alto escalão da
República podem acabar protegidos pelo manto da impunidade do foro
privilegiado.
Não é por acaso que está sendo praticamente
impossível acabar com o famigerado foro
privilegiado , seja na Câmara Federal ou
no Senado, onde dormem por mais de uma
década diversos projetos de emenda constitucional neste sentido. Seria como imaginar que a raposa pudesse proteger o
galiheiro ou que os vampiros cuidassem
do banco de sangue. Situação lastimável e vergonhosa para nosso país!
Enquanto isso, nossos
parlamentares querem anistir o caixa dois, que na verdade é a legalização da corrupção como forma de
financiamento de campanhas políticas e enriquecimento pessoal.
JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e aposentado
UFMT, mestre em
sociologia, articulista e colaborador de jornais, sites, blogs e outros
veículos de comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
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