TODOS CONTRA TODOS
JUACY DA SILVA
Estamos há menos de um
ano para as eleições gerais de 2018 e a corrida para Presidente da República,
Governadores de Estado, deputados federais, estaduais e a “renovação” de dois
terços das vagas de senadores da República está em pleno vapor, um verdadeiro
desespero de quem não quer perder o poder e de milhares que também querem
participar das “boquinhas” que emanam do poder.
Com o impeachment de
Dilma a aliança entre PT e PMDB, que iniciou com o Governo Lula e permaneceu para
a eleição e reeleição da primeira mulher que conseguiu chegar ao mais alto
cargo da política nacional, foi rompida de forma definitiva, obrigando o PT
tanto se reinventar quanto avaliar suas alianças com as forcas mais retrógradas
e conservadoras da política brasileira.
Há quem diga que o PT
cometeu dois grandes pecados, primeiro ao trair suas próprias bandeiras para,
em nome da governabilidade, bandear-se para a direita, imaginando que ao
aliar-se aos partidos conservadores, aos usineiros, latifundiários, barões do
agronegócio, banqueiros e corruptos já bem identificados pela opinião publica,
poderia firmar-se definitivamente com a força dominante da política brasileira.
O segundo “pecado” do PT
foi trair não apenas aspectos ideológicos, mas também princípios éticos, o
povo, principalmente os movimentos sindical, social e a intelectualidade sempre
associaram a atuação do PT com o slogan da “etica na política”. Os quadros mais
“iluminados” do PT acabaram caindo na corrupção, incluindo seu grande líder, o
ex presidente Lula que, desde o estouro do mensalão e a prisão de vários de
seus ex-ministros e dirigentes partidários, também está sob fogo cruzado,
respondendo `as acusações de ter-se beneficiado de dinheiro sujo, fruto da
corrupção e do tráfico de influência.
A “chegada” do ex-vice
presidente da chapa Dilma/Temer, fruto de uma trama muito bem urdida não apenas
do PMDB, mas também coadjuvado por outros partidos que durante mais de 12 anos
mamaram no poder, apoiaram os governos
Lula e Dilma, possibilitou que a máscara da corrupção viesse a ser o pano de
fundo de um governo marcado pelo fisiologismo, pelas barganhas vergonhosas com
a única finalidade de impedir que o STF investigue denúncias de corrupção
cometidas pelo presidente.
Para complicar ainda mais
este quadro, diversos ministros e parlamentares que fazem parte da base do
governo Temer, também estão sendo investigados pela justiça, sob o manto
protetor de uma excrecência jurídica que é o foro por prerrogativa de função ou
o chamado “foro privilegiado”, um verdadeiro estímulo `a impunidade. No Brasil
mais de 54 mil ocupantes de tais cargos não podem ser julgados em primeira
instância e nesta condição são beneficiários da morosidade da justiça,
porquanto em estando os tribunais superiores abarrotados de processos, além da
demora muitos desses processos que envolvem politicos ou autoridades acabam
prescrevendo e o crime ficando impune definitivamente, afrontando claramente o
princípio constitucional da “igualdade perante a Lei”, princípio este muito mais
para “ingles ver” do que propriamente um pilar básico dos regimes democráticos
e republicanos.
A chegada do PMDB
novamente ao poder, da mesma forma que com o Governlo Sarney, que de apoiador
do regime militar e presidente do PDS, transformando-o em “democrata de
carterinha”, possibilitou o aglutinamento das forças reacionárias,
conservadoras e corruptas que por décadas ou séculos mandaram na política
brasileira.
Como um governo fraco e marcado
pelo fisiologismo dos partidos e seus caciques que o apoam, Temer acabou
sendo prisioneiro de suas próprias
manobras e na condição de refém o único espaco que lhe sobra é lutar
desesperadamente para livrar a propria pele, pois sabe, perfeitamente, que no
dia em que perder o manto protetor do foro privilegiado terá que responder
perante a primeira instância da justiça pelas acusações de corrupção, lavagem
de dinheiro, organização criminosa e outros crimes, podendo ter a mesma sorte
de alguns de seus ex ministros e aliados como Sérgio Cabral, Eduardo Cunha,
Gedel Vieira Lima, Silval Barbosa, Piciani, Garotinho e outros mais.
É neste contexto que
“salve-se quem puder” que começa a ser desenhada a corrida eleitoral de 2018,
em meio `as reformas política, da previdência, trabalhista e a ação da justiça
federal sob a batuta de juizes de primeira instância como Sérgio Moro, Marcelo
Bretas e outros mais por este Brasil afora.
Como a grande maioria dos
politicos não gostam de cometer suicídio, nao no sentido estrito como aconteceu
com Getúlio Vargas, mas no sentido figurado, de abandonar esponataneamente
mandatos e cargos que lhes garantam foro privilegiado, farão de tudo para
bagunçar a tentativa de acabar com o foro privilegiado e, ao mesmo tempo, procurar meios e fontes de
financiamento para levaram adiante suas campanhas. As eleições de 2018 podem
trazer muitas surpresas, principalmente se os eleitores resolverem dar “cartão
vermelho” para velhos caciques que estão mamando nas tetas do governo e do
tesouro há várias décadas. Quem viver verá!
JUACY DA SILVA,
professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia,
articulista e colaborador de jornais, sites, blogs e outros veículos de
comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com