TERRA SEM LEI OU DA
IMPUNIDADE?
JUACY DA SILVA
Há
poucos dias a Procuradora Geral de Justiça Raquel Dodge, encaminhou um pleito
ao STF para que o mesmo analise a situação do Rio de Janeiro e coloque um ponto
final no conflito entre o Poder Legislativo estadual e a Justiça.
A
corrupção, há décadas, com certeza desde o Governo Negrão de Lima, há quase
meio século, está enraizada nas instituições estaduais, com destaque para os
poderes executivo e legislativo e com a presença marcante do PMDB, que é, seguramente,
a maior força política no Estado.
A
corrupção domina o cenário politico estadual chegando `as negociatas que
envolveram a Petrobrás e outras empresas públicas e privadas, deixando o
governo em um estado lastimável, com a falência da saúde, da seguranca publica,
da educação, meio ambiente e tantas outras áreas.
Também
não é para menos, no momento o Estado do Rio de Janeiro convive com tres ex
governadores presos e acusados de diversos crimes de colarinho branco, corrupção,
lavagem de dinheiro, formação e participação em organizações criminosas,
tráfico de influência, de drogas e de armas e por ai vai.
Apesar
de que os ex governadores Garotinho e
Rosinha Mateus, sua esposa, estejam atualmente
filiados ao PR, quando exerceram suas funções pertenciam ao PMDB, mesmo
partido de Sérgio Cabral , já condenado há mais de 80 anos de cadeia, pelos
mesmos crimes já mencionados.
Além
desses tres ex governadores, tambem existe um outro, que só não foi preso até
agora por gozar do manto protetor do famigerado e vergonhoso estatuto do foro
privilegiado, já que é ministro de Estado e livrou-se das barras dos tribunais
graças a conivência da base aliada do Governo Temer, que recebeu o salvo
conduto da Câmara Federal, livrando também
mais um minisrro do PMDB, Eliseu Padilha.
Considerado
até pouco mais de um ano o homem forte da República, o então Presidente da Câmara
Federal, Eduardo Cunha, também expoente do PMDB
estadual e nacional, acabou sendo cassado e foi preso pucos dias depois
e continua trancafiado em Curitiba por decisões do Juiz Sérgio Moro, espécie de
heroi do povo brasileiro e do imaginário coletivo por identificar-se com um “caça
corrupto”.
Agora
estamos diante de mais um capitulo escaborso deste vexame que foi a desobediência
e afronta ao poder judiciário perpetrado pela Assembléia Legislativa, que tentou
livrar da cadeia tres parlamentares estaduais, verdadeiros donos do PDMB e
caciques da política carioca e fluminense por décadas. Todos foram, já pela
segunda vez, presos por decisão unânime do TRF Tribunal Regional Federal, para
que fiquem presos.
Em
tempo, o presidente da Alerj é pai de um
deputado estadual e outro federal, este último ocupando a funcção de ministro
de estado e, duplamente, protegido pelo manto da impunidade que é o foro
privilegiado. Ainda está faltando que a justiça também alcance o ex prefeito do
Rio de Janeiro, volta e meia acusado de participar de esquemas criminosos nas
obras públicas.
Há poucas semanas coube ao ministro da Justiça, com a autoridade, as informações e a responsabilidade que recaem sobre seus ombros dizer de forma clara e abertamente que o Governo estadual, ao nomear coronéis para comandantes de área do Rio de Janeiro, o faz por indicação de politicos e em acordo com a bandidagem, representada pelo crime organizado, traficantes de drogas e armas, adicionando mais um elemento para a análise da caótica situação da violência que de longa data toma conta do Estado do Rio de Janeiro.
Há poucas semanas coube ao ministro da Justiça, com a autoridade, as informações e a responsabilidade que recaem sobre seus ombros dizer de forma clara e abertamente que o Governo estadual, ao nomear coronéis para comandantes de área do Rio de Janeiro, o faz por indicação de politicos e em acordo com a bandidagem, representada pelo crime organizado, traficantes de drogas e armas, adicionando mais um elemento para a análise da caótica situação da violência que de longa data toma conta do Estado do Rio de Janeiro.
Diferente
do que afirma a ilustre Procuradora
Geral da República, não posso concordar com a afirmação daquela ilustre
autoridade de que o Rio de Janeiro é uma terra sem lei. :Primeiro, o Brasil
possui um enorme conjunto de Leis em todas as áreas, inclusive relacionadas com
o combate `a criminalidade, comum e de colarinho branco, `a gestão publica/administração
publica, com um enorme aparato de controle e repressão `a criminalidade, incluindo
organismos de inteligência, de controle financeiro, orçamentário, fiscalização
dos gatos publicos e o chamado “fiscal da Lei” que é exatamente o Ministério
Público Federal e Estadual.
Portanto,
tanto o Rio de Janeiro quanto os demais estados e o Brasil, incluindo ai os
municípios, deveriam estar sob o império da Lei, jamais territórios livres
comandados pelo crime organizado e a corrupção endêmica que tomou conta de
todas as instiuições Nacionaiis, estaduais e municipais e que envolvem os todos
os poderes da República.
Temos
Leis para tudo, só que as mesmas não são cumpridas e a chamada classe política,
principalmente quem detém cargos públicos
no alto escalão ou são eleitos para representar e defender os interesses do
povo, acabam usando este poder e funções para roubar os preciosos recursos públicos
que deveriam estar sendo usados em favor da população.
Isto
tem um nome: impunidade, que deriva dos privilégios e mutretas que os donos do
poder arquitetam, inclusive na forma de Leis, para manterem-se no poder e impunes,
a começar pelo atual presidenta da República que já escapou de ser investigado
pelo STF por duas vezes, mais de uma dezenas de seus ministros e cenentas de
parlamentares e dirigentes partidáris que gozam do foro privilegiado.
Alguma
coisa ou muita coisa precisa mudar no Brasil, antes que os milicos tomem o poder,
como fizeram no Zimbabwe, há poucos dias, sob aplauso da população decepcionada
e enganda por esses criminosos de colarinho branco travestidos de autoridades e
representantes do povo, que gostam de estufar o peito e “defenderem” o “estado democrático de direito”, na verdade
uma democracia fragilizada e desacreditada pela corrupção que domina nosso
país.
Na
verdade, nem o Rio de Janeiro e nem o Brasil são “terra sem lei”, mas sim um
país e todos os Estados e municípios, onde a impunidade corre solta, ante o
olhar as vezes passivo `as vezes indignado do povo brasileiro e a impotência ou conivência de quem deveria zelar pelo cumprimento
das Leis.
JUACY DA SILVA,
professor universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia,
articulista e colaborador de jornais, sites e blogs, Email professor.juacy@yahoo.com.,br
Blog www.professorjuacy.blogspot.com
Twitter@profjuacy
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