CORRUPÇÃO, JUSTIÇA
MOROSA E IMPUNIDADE
JUACY DA SILVA
Em
edição deste domingo, 12 de novembro de 2017, o Jornal Diário de Cuiabá, no
Estado de Mato Grosso, estampou a notícia de que após mais de dez anos,
finalmente, por decisão da Juiza Selma Arruda, da Sétima Vara Criminal da
Capital do Estado, condenou o ex deputado
estadual e, posteriormente, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado,
afastado há alguns anos e aposentado, a 18 anos e 4 meses de prisão, em regime fechado, mas que o mesmo poderá
recorrer da sentença em liberdade.
Este
é apenas um de inúmeros casos que demonstram que a morosidade do Sistema judiciário
contribui de forma clara para a impunidade, principalmente quando se trata de
crimes de colarinho branco ou outros tipos de crime cometidos por pessoas que
tem cursos superiores ou pertencem `as classes alta ou media alta, diferente de
quem pertence `a classe trabalhadora ou baixa.
A
morosidade e os eternos recursos de nosso sistema justiciário representam uma vergonha e estão
na contra-mão das expectativas da população e da cidadania. Para ser condenado
em primeira instância o processo demorou mais de dez anos.
Imagine
quantas décadas mais vai demorar para ser julgado nas demais instâncias do
poder judiciário, que são: Tribunal de Justica de MT, depois o STJ Superior
Tribunal de Justiça e, finalmente, o STF Supremo Tribunal Federal. Por baixo, o chamado "transitado em
julgado", quando não resta nenhum recurso mais, com certeza vai demorar
mais uns 50 anos.
Esta
realidade de nosso Sistema judiciário é
que acaba ajudando a impunidade, principalmente quando se trata de crimes de
colarinho branco, cometidos por gente importante que, em algum momento de suas
carreiras criminosas, tem também o manto protetor do famigerado FORO
PRIVILEGIADO ou por "prerrogativa de função".
Veja
o caso do ex governador , ex prefeito e atualmente deputado federal Paulo
Maluf, para crimes de colarinho branco cometidos há mais de trinta anos, até
hoje ainda não foi pra cadeia, da qual tem se livrado gracas a todos esses
"expedientes" do Sistema judiciário, UMA VERGONHA.
Conforme
relatório recente sobre Sistema penitenciário brasileiro, onde estão
trancafiados mais de 650 mil presos, dos quais 40,1% são presos provisórios, ou
seja, não foram sequer condenados em primeira instância, os dados indicam
que 61,6% desses presos sao negros ou
pardos, 75% mal chegaram ao nivel do ensino fundamental, mais de 50% são
analfabetos ou semi alfabetizados, e mais de 90% sao de oriegem pobre ou
miseravel.
Ao
longo de anos, um medico Famoso que trabalhava com reprodução humana em SP, foi
condenado a quase duzentos anos por ter cometido quase 40 estrupos contra suas pacientes. Depois de condenado,
acabou conseguindo um habeas corpus junto ao STF e, em Liberdade, acabou fugindo para o Paraguai.
Posteriormente foi novamente preso.
Por
várias decisões judiciais tem alternado tempos na cadeia e tempos em prisão domiciliar,
enquanto as vítimas continuam penalizadas fisica e psicologicamente pelos
estrupos sofridos, enquanto o criminoso, continua livre da cadeia.
Resumo
da opera, cadeia no Brasil é lugar para onde são enviados apenas pobres,
analfabetos, negros e pardos; politicos, governantes, gestores públicos de alto
"gabarito", criminosos de colarinho branco, empresários, enfim, corruptos, quando muito
são afastados de suas funções , mas continuam recebendo seus polpudos salários
ou recebem , como “ castigo” , aposentadorias de marajás ou prisões domiciliares em mansões de luxo.
Além
disso, cabe destacar que mais de 500 politicos, gestores públicos de alto
escalão, incluindo ministros de Estado ou autoridades assemelhadas, estão sendo
processados pelo STF ou STJ, mas tais
processos andam a passos de tartaruga e, nesta toada, tudo leva a crer que jamais
serão condenados e presos, principalmente enquanto continuarem sendo eleitos,
reeleitos ou nomeados para cargos que gozam
de FORO PRIVILEGIADO, na verdade o direito `a impunidade.
Será
que uma situação e realidade como o que presenciamos no Brasil é compativel com o tão decantado e
endeusado "estado democratico de direito"? Será que é justo e democrático
condenar miseráveis e premiar bandidos
de colarinho branco? Será que é verdadeiro o ditame constitucional de que “todos
são iguais perante a Lei”?
Tudo
isso merece uma profundal reflexão se desejamos construir um pais justo e desenvolvido, do qual a
população possa, realmente, se orgulhar!
JUACY DA SILVA,
professor universitário, titular e aposentado, UFMT, mestre em sociologia,
articulista e colaborador de jornais, sites, blogs e outros veiculos de
comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com
Twitter@profjuacy
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