SEGURANÇA PÚBLICA
FALIDA
JUACY DA SILVA
O Brasil está diante de
duas narrativas quando se trata de entender, interpretar e explicar a realidade
que nos cerca. De um lado, o discurso das autoridades, as meias verdades ou
mentiras dissimuladas, as explicações
esfarrapadas que ficam muito distantes do que o povo sente na pele,
sofre nas ruas ou dentro de suas casas, pouco importa se mansões, apartamentos
de luxo ou casebres, barracos e habitações subhumanas. De outro lado o que todo
mundo vê, sente e fala.
Há vários anos convivemos
com uma grave crise econômica, onde o desemprego, o subemprego, as altíssimas
taxas de juros, a inadimplência, o endividamente público que já representa mais
de 73% do PIB, os constantes déficits públicos bilionários, a baixa
produtividade da economia, a queda do salário real, tudo isto repercutindo na
dimensão social, com o ressurgimento da pobreza, da miséria, da fome, da queda
do nível de vida e da falta de esperança quanto ao futuro.
Os níveis de
Investimentos públicos e privados estão muito abaixo do que são necessários
para o bom funcionamento da infra estrutura nacional, para evitar a degradação
ambiental, o caos na saúde, uma educação que não prepara a mão de obra
necessária para o pleno desenvolvimento nacional. Convivemos com um apagão de
mão de obra qualificada, o país sofre com um deficit de profissionais em
diversas áreas, com destaque para a engenharia, professores nos diversos níveis
de Ensino, as escolas e universidades públicas totalmente sucateadas, cuja qualidade
de Ensino envergonha o Brasil quando se trata de comparações internacionais,
onde sempre ocupamos as últimas posições.
Parece que os lugares de
destaque que nosso país ocupada no cenário internacional estão relacionados com
os elevadíssimos índices de corrupção no setor publico e privado, onde o crime
organizado já está mais do que enraizado nas altas cúpulas governamentais e
empresariais, chegando aos palácios e em
todos os poderes e setores. Também ocupamos posção de destaque quando se trata
da incompetência quando se trata de definir e implementar políticas públicas,
com destaque para as áreas da segurança pública, da saúde, do meio ambiente, da
educação, dos transportes coletivos e várias outras que o povo percebe e sente,
enquanto as autoridades fingem que tudo “está sob controle”.
A cada momento os meios
de comunicação “pautam” um assunto ou questão de relevância nacional. Mas o
noticiário, nos últimos anos tem girado em torno de um tema e dois sub temas:
criminalidade, insegurança e falta de planejamento e de ações articuladas entre
os tres poderes da república e os tres níveis de governo (união, estados e
municípios), enfim, convivemos com a falência total da segurança pública. Neste
particular convivem duas “pautas”, a insegurança generalizada que amedronta,
mata, sequestra, estupra e ateroriza a população, representada pela ação
aberta, escancarada do crime organizado
e de outro o “combate” , ainda muito lento, ao crime organizado de
colarinho branco, porquanto a cúpula deste tipo de criminalidade continua a
salvo graças ao manto da impunidade mantida pela excrecência jurídica do foro
por prerrogativa de função ou o que é popularmente conhecido como foro
privileigado, que coloca a salvo
parlamentares, ministros, governantes, gestores públicos e mais de 20
mil autoridades que gozam deste privilégio e ficam `a margem da Lei.
Os constantes
relatórios como o Mapa da violência, o
Anuário da segurança pública, estudos de organismos como o IPEA, institutos de
pesquisas, universidades, relatórios de organismos internacionais como UNICEF,
ONU, OEA , Banco Mundial vem apontando a gravidade da questão da segurança
pública em nosso país. São números alarmantes e que afetam não apenas a imagem
do país perante o resto do mundo, nos colacando ao lado de países de menor
expressão geopolítica no cenário mundial, mas também afetam diretamente nosso
desenvolvimento.
Entre os anos de 1980 e
2010 foram assaninadas 1,09 milhões de pessoas no Brasil e entre 1980 e o final
deste ano de 2017, esta estatística macabra deve ultrapassar 1,5 milhões de
homicídios. Em 2016 foram 61.619 homicídios e em 2017 as estimativas indicam
que no Brasil deverão ser assassinadas
mais de 63.500 pessoas, além de quase 50 mil estupros, mais de um milhão de roubos e furtos.
No Brasil o povo vive e
convive com uma das mais altas taxas de violência do mundo, em alguns estados
essas taxas e índices são superiores do que a situação em países que convivem
em meio a guerras, conflitos internos armados e a atuação de grupos
terroristas.
Os meios de comunicação
dão um enorme destaque para a queda de um avião ou de um atentato
terrorista em que raramente morrem mais
do que uma centena de vítimas. Enquanto isso, no Brasil por dia 170 pessoas são
assassinadas, outras 137 são estupradas,
145 morrem vítimas do trânsito e nada menos do que 1.450 pessoas são
vítimas de roubos e furtos.
Enquanto a criminalidade avança impiedosamente, o
governo federal vem reduzindo os recursos para a segurança pública em pelo
menos 10% a cada ano, o mesmo vem acontecendo com os governos estaduais. As
polícias civis, militares, federal, rodoviária federal não dispõe de recursos
para se reequiparem e estarem em condições de ações mais efetivos nesta Guerra
contra a bandidagem que vem vencendo todas as batalhas.
JUACY DA SILVA, professor universitário, titular e
aposentado UFMT, mestre em sociologia, articulista e colaborador de jornais,
sites, blogs Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
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