UM DIA MUITO ESPECIAL
JUACY DA SILVA
O
mes de março marca o calendário por varios dias especiais, dedicados a diversas
temas que merecem nossa atenção, reflexão e análise da realidade relacionada aos
mesmos, buscando alternativas para a comnstrução de uma sociedade, um país e um
mundo melhores, onde a paz, a justiça, a igualdade e a solidariedade sejam os
pilares do desenvolvimento.
Podemos
destacar algumas dessas datas como 08 de marco, o dia internacional da mulher;
o dia 16 dedicado `a conscientização sobre as mudanças climáticas e como isto pode
destruir o planeta e a própria humanidade;
21 de março que é o dia mundial das florestas; dia internacional da syndrome
de down; 22 que é o dia mundial da água; 24 dia mundial de combate `a
tuberculose e; 31 de março ; dia da Integração Nacional e também o dia mundial
da nutrição.
Nesta
oportunidade, gostaria de chamar a atenção dos leitores para uma outra data
muito importante e especial, tanto para o mundo quanto para o Brasil. Refiro-me
ao DIA INTERNACIONAL CONTRA A
DISCRIMINAÇÃO RACIAL, também comemorado em 21 de março.
O
Dia Internacional contra a discriminação racial foi criado pela ONU para
relembrar um grande massacre ocorrido no dia 21 de marco de 1960, na cidade de
Shaperville, quando a policia e as forcas militares a serviço de um governo
tirânico e racista da África do Sul que viveu sob o regime do “apartheid” de
1948 até 1994, assassinou fria, covarde e cruelmente 69 negros e feriu gravemente
mais de uma centena de manifestantes que não aceitavam viver sob um regime que
separava as pessoas pela cor da pele, excluindo os negros de todos os direitos
que a própria ONU havia estabelecido em sua Declaração Universal dos Direitos
Humanos em 1948.
Por
séculos o mundo conviveu com a escravidão e outras práticas desumanas de
relações, onde as pessoas por serem diferentes quanto à cor da pele, a origem
étnica, a religião, opção sexual, ideologia ou outra característica e ainda
continuam sendo alijadas, excluidas, perseguidas, encarceradas, torturadas ou
mortas, simplesmente por serem diferentes ou terem opções de vida diferentes
dos donos do poder e das elites dominantes.
No
Brasil, que durante vários séculos viveu sob o regime escravocrata, cujo
crescimento econômico por um longo periodo foi baseado na exploração da
mão-de-obra escrava, negros oriundos da África e seus descendentes eram
tratados de forma cruel, incluindo a tortura e morte, também tem uma longa
história de práticas racistas e de discriminatórias, incluindo aí também muita
intolerância e discriminação que chega até os dias atuais.
No
Brasil, desde 1951, quando foi aprovada a Lei Afonso Arinos (Lei 1.390/51), que
considerava o preconceito e o racismo como contravenção e não crime
propriamente ditto, houve uma caminhada até os dias atuais tanto para combater
essas formas distorcidas e degradantes de relacionamento em sociedade, quanto
buscar mecanismos que garantam os direitos fundamentais de negros, seus
descendentes, indigenas e outras minorias que ainda sofrem discriminação e
desrespeito em termos de direitos fundamentais que todas as pessoas devem desfrutar em um
país que se auto propala como cristão e um estado democrático e de direito.
A
Constituição Federal de 1988, consagrou o princípio da não discrinação como um
direito universal e em 1989, com base na referida constituição foi aprovada a
Lei Caó (Lei 7.716/89) de autoria do Deputado Carlos Alberto Caó e em 1990 o
Congresso Nacional aprovou a Lei 8.801/90 que ampliou o alcance da referida Lei
para atos discriminatórios ou de preconceito
de raça, cor da pele, procedência nacional, quando veiculados por qualquer meio
de comunicação, tornado crime tais práticas.
Em
1997, o então Deputado e atualmente Senador Paulo Paim, um dos raros negros a terem
assento no Congresso Nacional, em Especial no Senado da República, apresentou
projeto de Lei que foi aprovado pelo Congresso, transformando-se na Lei
9.459/97, estabelecendo pena de até tres anos de prisão e multa para os crimes
de praticar, induzir ou incitar o preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
procedência nacional.
Apesar
de todos os avanços em termos legislativos, incluindo a Lei das quotas/cotas,
outras ações afirmativas, políticas públicas e de governo, o preconceito, a
discriminação, principalmente a baseada na cor da pele ou origem étnica ainda estão
presentes no cotidiano das relações sociais, econômicas e políticas no Brasil.
O que não deixa de ser uma vergonha nacional.
Este
é o momento de refletirmos de forma mais crítica e profunda sobre os caminhos
que devemos seguir para abolir definitivamente toda forma de preconceito, racismo,
discriminação e ódio ainda existentes em
nosso país.
JUACY DA SILVA,
professor universitário, titular e aposentado, mestre em sociologia, articulista
e colaborador de diversos veiculos de comunicação. Email professor.juacy@yahoo.com.br
Blog www.professorjuacy.blogspot.com
Twitter@profjuacy
Um comentário:
Parabéns, pelos assuntos e fatos importantes para reflexão do nosso dia-a-dia.
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