EDUCAÇÃO, VERGONHA
NACIONAL
JUACY DA SILVA
Estamos
há menos de um mês para a realização das eleições gerais quando 147,3 milhões
de eleitores estarão aptos a escolherem quem irá dirigir os destinos do Brasil
no plano federal e em todos os Estados e o Distrito Federal. Desses 147,3
milhões de eleitores, para vergonha de nossa tão propalada democracia corroida
pela corrupção e pela mediocridade de nossos governantes, estão tambem
incluidos 11,8 milhões de analfabetos e mais 38 milhões de analfabetos
funcionais, que totalizam 33,8% de eleitores que ou não sabem ler e escrever ou
mesmo tendo frequentado alguns anos de escola não conseguem entender um simples
parágrafo.
Na
14a. Sessão da UNESCO em 26 de outubro de 1966, foi criado e aprovado o DIA INTERNACIONAL DA ALFABETIZAÇÃO, a
ser “comemorando” , lembrado e relembrado por todos os países, no DIA 08 DE SETEMBRO DE CADA ANO, incluindo
organizações governamentais e não governamentais de que a educação é o
fundamento do desenvolvimento nacional e mundial, sem a qual bilhões de pessoas
estarão sempre excluidas dos frutos deste desenvolvimento.
Se
a educação é o fundamento ou condição básica para que um país rompa as amarras
do atraso, da miséria, da desigualdade e possa dar um salto qualitativo que
promova melhores condicçõs de vida, melhores oportunidades de trabalho e
melhores salários no plano individual, a base da educação é a ALFABETIZAÇÃO,
tanto no inicio do processo educacional quanto para atingir e possibilitar a
inclusão de milhões de jovens, adultos e idosos, que com 15 anos ou mais são
analfabetos ou analfabetos funcionais.
De
acordo com dados recentes da UNESCO, no mundo existem 758 milhões de
analfabetos, mas que devido a subnotificação de dados nacionais e a baixa
qualidade das estatísticas em inúmeros países, este total pode ser aproximar a
mais de 850 milhões de pessoas. China, Índia, diversos outros países na Ásia,
Africa e América Latina, apesar dos “esforços” que vem sendo realizados para
extirpar esta chaga que denigre em muito a imagem desses países, inclusive do
Brasil, ainda estão muito longe de atingirem a meta de ALFABETIZAÇÃO Universal
e ANALFABETISMO ZERO.
O
progresso tanto em alfabetização de crianças quanto de adultos é a base de todo
o processo educacional e, se não for feito corretamente ou se for negligenciado,
afetará negativamente a vida do estudante, trazendo sérias consequências tanto
em sua vida acadêmica quanto para sua inserção produtiva no Mercado de trabalho
e para o desenvolvimento do país, principalmente nas áreas da ciência e
tecnologia; do preparo da mão-de-obra, nos niveis de remuneração e distribuição
de renda, enfim, será uma das causas do atraso em todas as áreas, que tão bem
caracterizam os países sub desenvolvidos ou emergentes.
O
analfabetismo no Brasil tem sido reduzindo ao longo das últimas decadas, mas de
forma extremamente lenta e já foi objeto de inúmeros programas de governo como
o MOBRAL e ultimamente o EJA – Educação de jovens e adultos. Nos anos que
antecederam a intervenção militar, ou seja, governos Jânio Quadros e João
Goulart, inúmeras iniciativas foram colocadas em prática, incluindo o Método PAULO FREIRE, que além da
alfabetização se propunha a estimular o despertar da conscientização do
alfabetizando, no caso, alfabetização de adultos. Em decorrência da controvérsia
ideológica envolvendo não apenas o método em si, mas principalmente seu idealizador
(Paulo Freire), que chegou a ser preso durante os primeiros anos dos governos
militares e depois viveu muitos anos no exílio, os esforços governamentais
foram reduzidos neste sentido.
Na
mesma época também houve uma experiência no âmbito estadual, no Rio Grande do
Norte e também em Recife, com Aluísio Alves e Jarbas Maranhão, respectivamente,
mas foram paralizados com a troca de governo e sua substituição pelo MOBRAL,
programa idealizado pelos governos militares para dar conta deste desafio.
O
Brasil em seu último plano nacional de educação estabeleceu que a taxa de
analfabetismo em 2015 deveria ser de 6,5% e que a meta de ANALFABETISMO ZERO deveria ser alcançada em 2024. Todavia, as taxas
de analfabetismo estão “congeladas” ou tem caido muito pouco nos ultimos anos.
Em 2015 foi de 7,7%; 2016 caiu para 7,2% e no último ano chegou a 7,9%; isto
significa que em tres anos a queda foi de apenas 0,7% ou uma queda anual de
0,23%.
Se
este for o rítimo pelos proximos anos, o Brasil vai precisar de mais 30,4 anos
para atingir a meta de analfabetismo zero, ou seja, apenas 2047, desde que
todas as criancas em idade de inicio escolar estejam na escola e sejam, de
fato, alfabetizadas, o que jamais acontecerá, considerando o descalabro em que
se encontra a educacao brasileira, em todas as suas fases ou niveis, descalabro este reconhecido até
por diversos ministros da educação, como o atual.
A
falta de valorização do corpo docente e demais trabalhadores em educação; a
falta de investimento em infra-estrutura e recursos pedagógicos, em atividades de
suporte a uma boa educação, incluindo alimentação escolar, transporte escolar,
bibliotecas, laboratórios, além da corrupção que tem dominado esta área,
praticamente em todos os Estados, sempre sujeita ao fisiologismo politico e o
aparelhamento da adminisrração pública, indicam que vamos ter que “comemorar” por
muitas e muitas decadas o DIA MUNDIAL DE COMBATE AO ANALFABETISMO.
Esta
realidade é triste, é vergonhosa. Só existe uma certeza, com os governantes que
temos em todos os niveis, do plano federal, passando pelos estados até chagar
aos municipios, nosso pais esta fadado a estar sempre na “rabeira” dos rankings
da UNESCO e outras organizações internacionais. Segundo a UNESCO, em 2016 entre
127 países o Brasil ficou em 88a posição, atraz até da Bolivia e que na mesma ocasião
existiam mais de 700 mil crianças, em idade escolar, fora da escola e as taxas
de analfabetismo em algumas regioões do Brasil e na área rural é superior a 28%
da população com 15 anos e mais.
Sobre
isto é o que devemos refletir neste 08 DE SETEMBRO de 2018, mais um DIA
INTERNACIONAL DE COMBATE AO ANALFABETISMO, oxalá a população e os candidatos
possam debater um pouco mais sobre esta realidade e buscarem um novo caminho
que transforme esta realidade.
JUACY DA SILVA, professor
universitário, titular, aposentado UFMT, mestre em sociologia, colaborador e
articulista de diversos veiculos de comunicação. Email, professor.juacy@yahoo.com.br
Twitter@profjuacy Blog www.professorjuacy.blogspot.com
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