ELEIÇÕES, UM PAÍS
DIVIDIDO
JUACY DA SILVA
Estamos
praticamente `as vesperas das eleições gerais de 2018. Em tres semanas mais de 147
milhões de eleitores irão escolher quem ocupará o Palácio do Planalto, os
governos estaduais, dois terços do Senado, a Câmara Federal e as Assembléias
Legislativas, enfim, definir quem serão os “novos” e futuros donos do poder no
Brasil.
Nosso
país está vivendo uma das fases mais complicadas de sua história, onde uma
crise permanente, que vem de longa data, décadas, quase século, aprofunda cada
dia mais os conflitos sociais, econômicos, politicos, ideológicos e culturais,
além da dimensão ética, representada pela corrupção que passou a ser
escancarada.
Pela
primeira vez em nossa história, parcela dos donos do poder ou uma fração ou
facção das elites do poder, representada por empresários, integrantes dos
poderes Legilsativo e Executivo Federal, Estaduais e municipais, foram, estão
ou serão investigados, condenados e presos por roubarem os cofres públicos.
Todavia,
boa parte ou talvez a maior parte desses gatunos estão escapando dos tentáculos
da Justiça, representados ultimamente pela LAVA JATO e suas co-irmãs em
diversos estados. Nunca tantos politicos e empresários de prestígio foram
presos e condenados, pouco importa se em primeira, segunda, terceira ou
“quarta” instância.
Em
decorrência, a pauta que definiu o clima pré-eleitoral foi o combate `a
corrupcao. Mas como não se pode esperar que vampiro administre banco de sangue
e nem que raposa cuide do galinheiro, parece que esta pauta não está mais como
primeira na ordem do dia.
Para
o povo, já acostumado com a roubalheira acobertada pelo manto da impunidade, do
“foro privilegiado” e também em boa parte pela morosidade do Sistema
judiciario, este será um eterno problema na sociedade brasileira, um cancer
incurável.
Diante
disso, outros problemas que mais de perto angustiam o povo passaram a ocupar a
agenda dos candidatos, com destaque para a saúde pública, a educação, o meio
ambiente, a segurança pública, o desemprego, os desníveis sociais, o
endividamento das familias e outros mais. Todos, tratados com extrema
superficialidade, propostas incoerentes ou impraticáveis. Em cada lugar os
discursos dos candidatos atendem interesses de uma determinada platéia, falta,
de fato um plano coerente, com propostas mais claras e detalhadas de como tirar
o Brasil desta crise.
Para
completar, as pesquisas de opinião, dos vários institutos tem demonstrado que
com as decisões judiciais que impediram a candidatura de Lula, preferido da
maioria dos eleitores, por estar condenado em segunda instância e preso, o
candidato de extrema direita Bolsonaro, está praticamente consolidado na preferência
de pouco mais de um quarto dos eleitores, com “passaporte” para o segundo
turno.
Em
segundo lugar aparecem embolados quatro candidatos, dois competindo para de
fato chegar ao segundo turno e disputar com o capitão quem será o próximo
presidente, que representam as esquerdas (Fernando Hadad e Ciro Gomes), e dois ojutros
que representam posições mais de centro, e que estão sendo esmagados pelo
radicalismo que parece, levará as eleições para no segundo turno, a serem
definidas muito mais em termos ideológicos, irreconciliáveis, entre esquerda e
direita, do que pode resultar uma eleição sem grande legitimidade.
Com
certeza, em minha modesta opinião, independente dos resultados das urnas no
primeiro e segundo turnos, o Brasil vai
iniciar 2019 muito mais dividido do que se encontra hoje, com uma crise muito
pior do que estamos presenciando. Uma verdadeira bomba relógio está armada.
Nenhum
dos Candidatos consegue pacificar o pais e como nenhum presidente eleito terá
maioria no Congresso Nacional, pela prolifereção de partidos, a dispersão de votos
em candidatos de partidos diferentes dos partidos que apoiam cada candidato, o
resultado levará a necessidade do novo presidente "barganhar", enfim,
montar seu balcão de negócios para definir seu ministério e conseguir apoio
para as medidas que precisará tomar nos primeiros dias ou meses de governo e
implementar seu plano de governo.
Para
complicar, muitos deputados e senadores que estão sendo investigados por
suspeitas de corrupção e também vários candidatos 'novos" que atualmente são
deputados estaduais e ex governadores, que também estão neste grupo, inclusive
um que acabou de ser preso esta semana, deverão ser eleitos e/ou reeleitos.
Resultado, o novo presidente vai ter que 'negociar' com esta banda podre da
politica e do Congresso Nacional, onde a corrupção e o fisiologisma são as
marcas registradas desta vergonha nacional que é a politica suja, por maiores
loas que alguns tecem a respeito de nossa democracia, bastante corroida pela
corrupção, diga-se de passagem.
Enfim,
não podemos depositar nossas fichas ou nossas esperanças em nenhum candidato
como o SALVADOR DA PÁTRIA e nem acreditar nas promessas/propostas dos candidatos,
pois uma coisa são os discursos e promessas de campanha e "planos" de
governo, outra coisa é a realidade concreta, complexa, cheia de desafios e
contradições, enfrentamentos e muitos conflitos, onde, por exemplo, as questões
de raça, de genero, meio ambiente e econômicas são apenas alguns desses
"fronts".
JUACY
DA SILVA, professor universitário, aposentado UFMT, mestre em sociologia. Colaborador e
articulista de diversos veiculos de comunicação. Twitter@profjuacy Email professor.juacy@yahoo.com.br
Blog www.professorjuacy.blogspot.com
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