AJUSTE FISCAL E DÍVIDA PÚBLICA
JUACY DA SILVA
Há poucos dias o ex-ministro e
ex-deputado federal Delfin Neto
em entrevista a um jornal de grande circulação nacional, disse com todas as
letras “Dilma é uma trapalhona”,ou seja, mete os pés
pelas mãos, ao tentar ser ao mesmo tempo presidente da República, Ministra da
Fazenda, do Planejamento e de outros setores mais.
Desde o fim do
regime militar os brasileiros foram submetidos a vários pacotes, planos
e ajustes, sempre com o mesmo discurso de que é preciso equilibrar as contas
públicas, modernizar o estado, elevar o padrão de vida do povo e estimular o
crescimento do PIB. Para que isto seja
possível, o aumento dos juros, de mais impostos, o desemprego, o arrocho
salarial, tanto de servidores quanto dos
trabalhadores da iniciativa privada tem
sido uma constante.
Convivemos com planos e
pacotes que foram concebidos na calada da noite, em gabinetes com ar
refrigerado e em conchavos com um Congresso quase sempre subserviente aos
ditames do poder executivo. Tivemos confisco de gado no pasto, prisão de
pecuaristas, confisco da poupanca e
depósitos bancários, de forma arbitrária como
aconteceu com os planos Collor, Bresser, Funaro e outros mais.
Na esteira dessas formas improvisadas e autoritárias de
governar, sempre tem ocorrido um aumento brutal da carga tributária, e isto não
é diferente neste novo pacote enviado ou
a ser enviado ao Congresso Nacional pelo Governo Dilma.
Na verdade, como o diagnóstico da crise está
errado, o chamado ajuste fiscal do governo Dilma é, na verdade, uma grande farsa e um grande engodo, pois
impõe ao povo mais humilde, aos trabalhadores,
servidores públicos e classe média baixa
o ônus do ajuste e, em troca, ajuda o grande capital, os banqueiros, os
agiotas nacionais e internacionais e os grandes grupos econômicos, inclusive as multinacionais, tudo
com um discurso mistificador e manipular, usando até mesmo linguagem de esquerda ou pseudo-esquerda, para enganar os incautos,
como fez durante a campanha eleitoral que a levou `a reeleição.
Todos sabemos que
a corrupção , a incompetência, o aparelhamento da
administração pública por parte do PT e
seus aliados, o assistencialismo, o populismo, os privilégios acabam levando ao desequilíbrio das contas
públicas.
Todavia, o nó górdio ou
calcanhar de aquiles da crise brasileira, está em outro
lugar, que pouca luz tem sido lançada
sobre este aspecto, com a finalidade de proteger grandes e poderosos interesses
econômicos e financeiros. Refiro-me `a
divida bruta do Brasil, de responsabilidade direta do Governo Central, a quem cabe “administrar”
, pagar juros escorchantes e a “rolar”
uma divida impagável que, mesmo gastando entre 42% e 48% dos recursos orçamentários da União
todos anos, só tem aumentado de forma absurda.
Ao final do Governo FHC, em 2002, e início do Governo Lula, este mesmo em cujo
governo aconteceu o MENSALÃO E O PRETOLÃO, a dívida pública bruta era de R$
838,8 bilhões de reais. Durante os
governos Lula e Dilma, em doze anos, foram
gastos mais de 6,1 trilhões de
reais a título de juros , um pouco de amortização e ` a rolagem da divida.
Mesmo assim, entre o início do governo Lula e
o ano em curso (2015), a dívida pública
bruta passou de R$838,8 bilhões para R$4,3
trilhões, um aumento de
quase 3,5 trilhões de reais , isto
representa nada menos do que 65,5% do PIB em 2015 e deverá aumentar este percentual pelos próximos dois anos,
68,4% em
2016 e 68,8% em
2017.
Com a desvalorização cambial
a dívida externa do Brasil que no final de agosto era de U$ 346 bilhões de dólares, apesar de Lula ter
feito a maior propaganda de que havia
pago o FMI, o governo
brasileiro voltou a endividar-se em dólares, com o câmbio em R$3,55
naquela data e seu fechamento na última
quarta feira a R$4,15 , a dívida
externa em real passou de R$1,128,3 trihões
para R$1.434,5, ou seja, o
tesouro nacional vai ser onerado em mais 306,2
bilhões de reais em pouco mais de
24 dias. Durante os últimos doze anos o Tesouro Nacional
injetou mais de R$ 450 bilhões de reais no BNDES e outros bancos públicos,
via emissão de títulos da dívida pública, pagando juros de até 14,5% ao ano,
enquanto o referido banco concedia
empréstimos para grandes grupos econômicos nacionais
e multinacionais a juros de 3,5% ao ano, gerando um enorme prejuizo ao
Tesouro Nacional, vale dizer aos contribuintes.
Enquanto não for feita
uma auditoria internacional independente, ou a chamada auditoria cidadã,
em torno da dívida pública brasileira, que também inclui a dívida de Estados e Municípios, o
povo , enfim, os contribuintes estarão
sendo escravizados por um Sistema de dívida publica que é impagavel e ajuda, na verdade, a acumulação
de capital dos bancos e grandes intesses privados, em detrimento do povo Perante
esses números o ajuste fiscal de Dilma e Levy é uma grande piada, de ma gosto, é claro.
JUACY DA SILVA,
professor universitário, titular
e aposentado UFMT, mestre em sociologia,
articulista de A Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
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