CHEGA DE IMPOSTOS
JUACY DA SILVA
Um dos motivos da
Inconfidência Mineira, que acabou levando Tiradentes `a forca , mas que solidificou o sentimento
libertário dos habitantes do Brasil, então
colônia de Portugal, foi a chamada
“derrama”, ou seja, o aumento exagerado da carga tributária que era imposta ao povo
brasileiro naquela época.
Ao longo das últimas
sete décadas, desde o início dos anos
quarenta, os sucessivos governos foram e
continuam aumentando uma abusiva carga tributária sobre todos os setores econômicos
e diferentes camadas sociais.
Uma constante em todos os
governos tem sido a implementação de um
sistema tributário regressivo, ou seja, as camadas mais humildes e os
consumidores pagam proporcionalmente um
montante mais pesado de impostos.
A evolução da
carga tributária no Brasil ao longo dos últimos setenta anos, é algo
descomunal tanto em relação ao
próprio PIB – produto internobruto,
quando comparada com os demais países quanto em relação a volume da
arrecadação. No período considerado houve um aumento significativo dos impostos
municipais, estaduais e ,
principalmente, dos federais.
Em termos da carga tributária total na
década de 40 a mesma
representava, em média, apenas
14,2% do PIB, na década seguinte, passou para16,4%, nos anos 60 pulou para 20,0%; nos anos 70 e 80,
período do “milagre” brasileio, passou para 25,2%, após o fim dos governos
militares, na década de 90 foi para 27,2%; chegando a 32,3%
na primeira década deste século, nos
governos FHC e Lula e deu mais um salto após 2010, no governo Dilma chegando ao absurdo de 37,8%
que é a carga tributária atualmente.
Em média cada
contribuinte trabalha cinco a cinco meses e meio apenas para pagar
impostos e , mesmo assim, o governo Dilma
ainda insiste que deve aumentar alguns impostos, chegando a um verdadeiro terrorismo fiscal.
Mesmo assim, o atual governo não consegue manter
o equilíbrio fiscal e orçamentário,
apresentando rombos seguidos nas contas públicas, praticando
ilegalidades como nas “pedaladas fiscais”,que estão sob análisedo TCU e também ao
apresentara LOA – Lei Orçamentária Annual, na forma de uma proposta
orçamentária que, pela primeira vez na história recente do país, prevê um deficit primário de 30,5 bilhões de reais
e um deficit nominal de R$ 296,6 bilhões de reais, uma das razões
para o rebaixamento do nível na classificação de risco do Brasil.
O sistema tributário brasileiro além de extremamente injusto, recai muito mais
sobre o consumo, enquanto diversos
outros países tributam menos o consumo e mais a renda, a riqueza
e a propriedade de forma progressiva. Além
deste aspecto, o nosso sistema tributário cria uma série de
mecanismos que abre brechas para que grandes empresas e camadas de alta renda, os
milionários e ultimamente os
bilionários, acabem sendo ajudados pelo
Estado no processo de acumulação de capital. O Estado brasileiro e o Governo Dilma/LULA/PT são um
“Robin wood” as avessas, tira dos pobres para ajudar os ricos e isto é a maior
contradição no atual governo Dilma/Lula,
que tem uma retórica trabalhista e socialista, apenas de fachada.
Diversos incentivos
fiscais, a título de alavancar investimentos para o desenvolvimento de algumas regiões ou setores econômicos, acabam gerando enormes
distorções no sistema tributário, principalmente pela falta de transparência e falta de
fiscalização e avaliação por parte das estruturas governamentais. Exemplos típicos,
bilhões de cruzeiros ou ultimamente reais, que foram desviados sob o manto dos
incentivos fiscais concedidos pela SUDAM, SUDENE e outros setores.
Agora mesmo, em Mato Grosso, uma CPI instalada na Assembléia Legislativa do
Estado está retirando um verdadeiro véu
que ao longo dos últimos 20 anos encobria
uma política opaca de incentivos fiscais que a cada ano subtraia bilhões de reais que seriam melhor empregados na saúde, na
educação, na segurança, no
saneamento, na infra-estrutura urbana e rodoviária, do que para beneficiar uma minoria privilegiada que tem acesso a
tais recursos graças `a sua aproximação com o poder e ao tráffico
de influência.
Outra distorção que
afeta o sistema tributário brasileiro é a prática da renúncia fiscal adotada pela União, pelos Estados e
Municípios, quando o poder público , deliberadamente, abre mão de uma parcela
da arrecadação a que faz jus. Só o Governo Federal a cada ano abre mão de arrecadar
mais de 250 bilhões de reais,
afetando não apenas o OGU –Orçamento Geral
da União, mas também os Estados e
municípios, através da redução dos recursos a serem transferidos constitucionalmente através do FPE e FPM, respectivamente, Fundo de Participação dos
Estados e Fundo de Participação dos Municípios.
Outra sangria nas receitas públicas tem sido a enorme parcela de tributos que são senegados, graças `a incompetência do governo no processo de
arrecadação e de recebimento de impostos sonegados, além da corrupção que acaba
criando mais uma distorção no sistema. A
cada ano só a União perde mais de 350 bilhões com a sonegação. O montante
acumulado de tributos federais sonegados até julho ultimo, já ultrapassava R$ 1,1 trilhões, sendo que723,3 bilhões (65,7%) deste valor são de grandes
sonegadores, que representam apenas 1% do universo das empresas
sonegadoras.
Finalmente, para completar
o quadro dessa distorção do
sistema tributário/fiscal, cabe mencionar os subsídios que acabam sendo
pagos pelo tesouro nacional, onerando de uma forma generalizada os
contribuintes. Os empréstimos do BNDES,
do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, por exemplo, são captados pelo
Tesouro pagando juros pela taxa Selic, que no momento está acima de 14%
ao ano e aquele esses estabelecimentos oficiais de crédtito emprestam a outros organismos
publicos como estados e municípios e principalmente a grandes grupos econômicos
a juros que mal chegam a metade dessas
taxas. Quem paga esta difirença
bilionária é tesouro nacional, vale
dizer, os contribuintes.
Diante dessas distorções
chegamos a conclusão de que não é preciso nenhum aumento da carga tributária
para buscar-se o equilíbrio orçamentário
e fiscal como deseja o Governo Dilma, que está praticando um verdadeiro
terrorismo sobre os contribuintes. Basta ter
mais eficiência na
arrecadação, acabar com os favores
que o
governo concede, seletivamente, a grupos influentes e poderosos, reduzir
a corrupção e melhorar a qualidade da gestão pública, combatendo a
incompetência generalizada da administração pública.
O povo não aguenta mais tantos impostos e em troca
servicos publicos de baixisssima qualidade e uma corrupção enorme.
Está na
hora de um basta nesta extorsão
institucionalizada. Voltarei a este tema
oportunamente!
JUACY DA SILVA,
professor universitário, titular
e aposentado UFMT, mestre em sociologia,
articulista de A Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
Nenhum comentário:
Postar um comentário