O BRASIL NÃO AGUENTA MAIS IMPOSTOS
JUACY DA SILVA
Como mencionei em meu artigo da última semana, o aumento da
carga tributária está chegando a um nível insuportável em nosso país. No
período compreendido entre o início do Governo Sarney em 1.986 e o fim do primeiro mandato da Presidente
Dilma, em 2014, a carga tributária
total passou de 22,4% do PIB para 37,2%, podendo chegar a 38%
até o final deste ano.
Isto representa um
aumento de 66,1% e indica que a cada ano
os brasileiros precisam trabalhar mais para pagar impostos aos governos
federal, que fica com 65% do total da arrecadação nacional, cabendo aos Estados 24% e aos municípios com apenas 11%.
Em 1986 cada contribuinte precisava
trabalhar 111 dias para pagar impostos e em 2015 são necessários 155
dias de trabalho.
Segundo estudos da OECD – União Européia, em 2014 o Brasil tinha a maior carga tributária entre
os países do BRIC e a segunda maior da América Latina, com 36,6%, enquanto a Rússia vinha em segundo lugar com 23%, seguindo-se a
China com 20%, a África do Sul com
18% e por ultimo a Índia com 13%, mesmo patamar em que o Brasil estava em meados dos anos
quarenta do século passado.
Alguns países europeus tem carga tributária superior a 40%,
todavia, tais países devolvem o que os
contribuintes pagam na forma de
impostos, taxas e contribuições
na forma de serviços públicos de qualidade
e totalmente universarsais e gratuitos
como segurança pública, educação
desde o maternal até a universidade,
saúde, cuidados com o meio ambiente e assim por diante; diferente do
Brasil que tem carga tributária
praticamente igual a tais países e em troca oferece serviços semelhantes aos
países mais pobres da Ásia, África , América Latina e Caribe, ou então, nem
serviços públicos são oferecidos.
Diante disto, o Sistema tributário acaba sendo, na verdade,
uma extorsão institucionalizada pelo Estado e pelos diferentes níveis de
governo e, ao mesmo tempo, servindo para alimentar uma estrutura que tem na
corrupção, nos privilégios e nos famosos esquemas que contribuem para o
enriquecimento ilícito de uns poucos e acumulação de capital nas mãos dos grandes grupos
econômicos e financeiros.
No período
considerado, aos poucos a União
foi transferindo diversos encargos como educação, saúde, meio ambiente,
segurança, assistência social, meio ambiente , outras áreas e políticas
públicas aos Estados e municípios, mas mantendo uma grande concentração de
recursos no âmbito do poder
central. Com isso, o crescimento da
carga tributária nos Estados e Municípios
tem crescido em percentual maior do que da União e muito maior do que o crescimento do
PIB nacional, estaduais ou municipais.
No período considerado de 1986 e 2014, o aumento da carga tributária federal
foi de 53,3%, dos estados de 78,7% e dos municípios 195,2%, indicando
que está havendo uma verdadeira sangria
dos recursos gerados pelos contibuintes, principalmente pelas classes trabalhadora e média, enfim,
os mais pobres da
sociedade. O Estado brasileiro a
cada ano cresce mais e demanda mais recursos para manter uma máquina
ineficiente, burocratizada e corrupta.
Apesar dos baixos
níveis de crescimento econômico, o
aumento do desemprego e do sub-emprego, da inflação, ocorridos nos
últimos cinco anos, incluindo um certo empobrecimento por parte da população,
razão do elevado número de pessoas que estão dependentes de programas
assistencialistas do governo, mesmo assim, o Governo Dilma, a título de
equilibrar o orçamento da União para
2016, acaba de abrir um verdadeiro saco
de maldades que terá como vítimas o chamado andar de baixo, ou seja, os
trabalhadores e a classe média.
Deseja promover a
volta da CPMF, o congelamento dos salários dos servidores públicos, mais cortes
nos recursos de diversos ministérios e programas do governo, redução nos níveis
de inestimentos e um corte de oito bilhões do Sistema S – Senai, Senac,
Senar,que atendem fundamentalmente filhos de trablhadores e da classe média
baixa que não tem acesso as univeersidades, principalmente as públicas e de
melhor qualidade, e precisam se qualificar melhor para um Mercado de trabalho
cada vez mais tecnificado e competitivo.
Esta é uma verdadeira facada nas costas de milhões
de crianças, adolescentes e jovens que sempre encontraram no Sistema S uma porta para o progresso individual.
Dilma vai fechar mais esta porta como está
fechando as portas do FIES e de
outros programas sociais.
Enquanto isto, os banqueiros e os grandes grupos econômicos
batem palmas para este pacote
draconiano, como eu mencionei em meu ultimo artigo, faz como um Robin Wood as
avessas, tira dos pobres para dar
aos ricos. Literalmente dar através
da renúncia fiscal de mais de
250 bilhões que o Governo Federal
concede a grandes grupos econômicos por ano, juros subsidiados, como os concedidos pelo BNDES e por outros bancos oficiais como Banco do Brasil e Caixa Econômica
Federal. Ou então pela leniência com os
grandes sonegoadores que devem mais de
1,5 trilhões de reais, além da defasagem na correção
da tabela do imposto de renda ao longo dos
últimos 20 anos, escorchando principalmente as pessoas físicas.
A volta da CPMF, os
cortes orçamentários como já ocorreram neste ano em mais de 80 bilhões e que estão afetando diversos
setores, principalmente a educação e
saúde, se somam ao peso dos gastos com
juros e financiamento/rolagem da dívida
pública, que a cada ano consomem mais de
45% dos recursos do Orçamento Geral da
União. Este ano só de juros serão gastos 225,2 bilhões com juros
e 1,131 trilhões na rolagem da dívida. A
LOA para 2016 que deverá
ser de 3,0 trilhões, reserva 1,184 trilhões para juros , encargos e
rolagem da dívida, ou seja, 39,5% do orçamento.
Somente durante os quatro anos do primeiro mandato de Dilma,
o Governo Federal gastou R$3,157
trilhões de reais com juros, encargos e rolagem da dívida pública interna e
externa. A tendência dessa situação é piorar muito nos próximos anos, pois a
dívida pública continua crescendo, igual a uma agiotagem, principalmente porque
parte do endividamento do Brasil é atrelado ao dolar e com a desvalorização
brutal do real que está ocorrendo nos últimos anos e meses, mais dia menos dias, vamos chegar `a
situação da Grécia que foi estrangulada por uma dívida pública impagável. Atualmente
o total da dívida pública brasileira
corresponde a 64,1% do PIB. Aí
reside, de fato, o grande estrangulamento das finanças públicas e da
crise que estamos vivendo. O resto é apenas uma cortina de fumaça
para desviar a atenção do povo, que vive alheio `a real situação em que
vive o país.
Diante dessas distorções, não sentido fazer um verdadeiro terrorismo fiscal sobre a sociedade, afinal, um deficit de 31
bilhões em um orçamento de tres trilhões, representa apenas 1%, convenhamos, o
buraco é mais em baixo. Enquanto o Governo Federal não realizar uma auditoria cidadã na dívida pública e estabelecer
um percentual menor, digamos no máximo de 20% do orçamento da união para os juros e encargos
da dívida publica, iremos assistir um verdadeiro desastre fiscal e orçamentário
como o que o governo Dilma enfrenta no
momento, agravando ainda mais a crise.
Não tem sentido jogar
nas costas dos contribuintes e da população em geral, principalmente das
camadas mais humildes o peso desta
incompetência, insensibilidade, engodo e da corrupção que são
as marcas do atual governo.
JUACY DA
SILVA, professor universitário, titular e aposentado UFMT,
mestre em sociologia. Email professor.juacy@yahoo.com.br
Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
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