O AGRAVAMENTO DA
CRISE
JUACY DA SILVA
Parece que nossas
autoridades, governantes em todos os níveis e poderes, não conseguem
encontrar um rumo para que o Brasil
possa sair de uma das mais graves crises em que se encontra atualmente. Não bastassem as crises econômica, social, moral,
financeira, orçamentária que estão
destruindo a economia e as esperanças do povo brasileiro, aos poucos
também está vindo `a tona uma crise institucional que pode lançar o
país em um caos maior do que imaginamos, com sérios riscos para a estabilidade
institucional e a democracia.
A inflação acumulada de
janeiro a agosto já chegou a 7,35% e
ainda temos mais quatro meses pela frente, tudo leva a crer que a inflação em
2015 deva superar os 10%, sendo que nos
últimos doze meses já chegou a 9,04%.
Como normalmente a inflação penaliza
mais as camadas mais pobres e a
classe média baixa, além de aposentados, cujos ganhos estão abaixo de dois salários mínimos, isto deverá fomentar mais insatisfação não apenas
nessas camadas, mas também e principalmente junto aos servidores publicos,
cujos salários estão muito defasados em relação
`a inflação acumulada nos últimos
dez anos, próximo de 45% e isto é
sentido por todas as categoriais de trabalhadores, que recorrem `as greves não
por aumento salarial mas sim pela recomposição das perdas inflacionárias,
ocorridas nos governos Lula e Dilma.
Em um cenário como este
não é dificil prever que o Brasil irá
enfrentar uma das maiores fases de greves e manifestações populares, cuja origem
da insatisfação é a perda do poder aquisitivo, a queda da renda dos
trabalhadores e aposentados a que se
somarão mais de 12 milhões de desempregados e o dobro de sub-empregados por
este Brasil afora.São mais de 90 milhões de
pessoas insatisfeitas com o atual governo e nossas instituições que estão aquém das necessidades e das aspirações
do povo.
Neste contexto
começam também a surgir rusgas entre autoridades como integrantes do
STF, TSE, Procurador Geral da República,
Tribunal de Contas da União,
Senadores, Deputados Federais, Governadores
e a Presidência da República.
O que está acontecendo
no Rio Grande do Sul pode ser uma amostra do que poderá vir a acontecer em
diversos estados e municípios. Lá o atual governo eleito há pouco mais de seis meses, herdou um
estado falido, com um nível de endividamento acima do que se consegue administrar. Esta é a herança
deixada pelo governo do PT que o
antecedeu.
Sem recursos para pagar
salários o atual governo só encontrou
duas alternativas, deixar de pagar parcelas da dívida com a União e, ainda mesmo assim, ter que
parcelar em duas ou até quatro vezes os salários dos servidores, gerando mais
greves e o caos, agravado ainda mais pelo bloqueio que o Governo Federal fez em
relação aos repasses para o Estado. Se o
atual governo, que não se alinha com o gestão Dilma , fosse do PT
com certeza o governo federal seria mais “compreensivo”, como tem sido com
vários grandes grupos econômicos que
continuam mamando nas tetas dos bancos oficiais.
Outro dado ilustrativo
da gravidade da atual crise é o fato de que o Governo Dilma, pela primeira vez
na história recente, em mais de 50 anos,
apresentou ao Congresso um orçamento deficitário para o ano seguinte (LOA para 2016), em mais
de 30 bilhões, mas que para muitos
analistas este deficit pode ser muito maior, atingindo a casa dos 70 ou 80 bilhões de
reais. O mesmo foi feito pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, LOA
para 2016 com mais de 15 bilhões de
deficit.
Se ao longo de décadas
o Governo Federal apresentava “superavit primário” para poder pagar parte dos juros e encargos
da dívida pública, que mesmo assim, durante os governos Lula e Dilma passou
de 586 bilhões de dólares para algo em
torno de 2,4 trilhões em dezembro vindouro, podemos imaginar o impacto que este
caos orçamentário e financeiro terá sobre a dívida pública, que já consome
quase 50% do OGU – Orçamento Geral
da União, apesar do aumento descomunal
da carga tributária brasileira, que já
beira 40%, uma das maiores do mundo e serviços públicos semelhantes aos países
mais pobres da África, Ásia e América Latina e Caribe.
Em um cenário como este
não é dificil prognosticar que os protestos, movimentos de massa e a pressão
para que a presidente Dilma renuncie ou
sofra o impeachment vão ficar cada vez
mais fortes e o país possa se re-encontrar com seu verdadeiro destino.
As palavras de ordens
das últimas manifestações populares, FORA
DILMA, FORA PT, FORA LULA, FORA
CORRUPTOS, vão estar ecoando com mais
vigor pelos próximos meses e no ano que
vem quando serão realizadas eleições municipais.
JUACY DA SILVA, professor
universitário, titular e aposentado UFMT, mestre em sociologia,
articulista de A Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.profeessorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
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