quinta-feira, 28 de março de 2013


EDUCAÇÃO DE QUALIDADE

JUACY DA SILVA

Recentemente a representante do Banco Mundial para a área da educação afirmou que um dos mais sérios problemas do Brasil não é apenas o baixo percentual do  PIB que o país investe em educação, mas sim a forma como investe, ou seja, investe pouco e investe mal.

No final de 2011 a referida instituição financeira internacional definiu sua nova estratégia para seus empréstimos destinados `a educação nos países sub-desenvolvidos e emergentes, tendo como foco ou objetivo central a ênfase na qualidade da educação, muito mais do que o número de anos de escolaridade que os alunos possam atingir como referência nacional e internacional.

Nas palavras dos autores desta nova estratégia “investir na educação de qualidade promove um desenvolvimento mais rápido, um crescimento econômico mais equilibrado, sustentável, continuado e mais homogêneo”. Em decorrência,  esta é a melhor forma de se combater as diferenças e desníveis sociais, políticos, econômicos, culturais e de gênero em todos os países, muito mais efetiva do que medidas paternalistas e assistencialistas como as constantes das chamadas “políticas compensatórias”.

Sem educação de qualidade , por exemplo, as mulheres e as crianças, principais grupos excluídos em nosso país, ao lado da população afro-descendente,  jamais vão conseguir  romper o círculo vicioso da exclusão, miséria e dependência e conquistar seus espaços na sociedade e desfrutarem de uma vida digna.

Apesar do marketing/propaganda dos nossos governantes, atuais e passados, vinculados a todos os partidos, a educação brasileira não tem progredido quando comparada com outros  países com menor expressão econômica internacional. Afinal  os donos do poder não se cansam de alardear de forma ufanista que somos a sétima ou até sexta economia do mundo.

Todavia, a posição do Brasil nos índices da OECD , PISA atualizados para 2012, indicam que o Brasil em leitura estava na 53a.posição, com 412 pontos; em matemática 57a posição com 386 pontos  e em ciências 53a. posição com 405 pontos, em todas essas áreas importantes para o aprendizado, estamos bem abaixo da média dos países constantes do relatório referido. O primeiro lugar em todas essas áreas de conhecimento pertence`a China: leitura 556 pontos; matemática 600 pontos e ciência 575 pontos.

Estamos abaixo de vários países latino-americanos, europeus e asiáticos, os quais tem apresentado um rítimo de desenvolvimento educacional (com qualidade) muito maior do que nosso país. No relatório da UNESCO relativo a 2012 o Brasil figura na 88a posição, o que deveria deixar nossos governantes extremamente envergonhados, caso os mesmos realmente tivessem um compromisso efetivo com o futuro do país e com a nossa juventude.

Esses indicadores confirmam, por exemplo, o estelionato educacional verificado nos últimos  exames da OAB e do CREMESP  (Conselho Regional  de Medicina de SP), onde os índices de reprovação de advogados que se submeteram ao exame de ordem foi de 90%; e os de futuros médicos (alunos do ultimo ano de medicina) foi de 54,5%.

No caso da OAB é a média nacional e com certeza deve haver estados cujo índice de reprovação deve ter sido superior a 95% e no caso do CREMESP,  sabemos que SP é a chamada “locomotiva” do Brasil e suas universidades tem desempenho muito acima da média nacional. Com certeza se o Conselho Federal de Medicina e outros conselhos de fiscalização professional seguirem o exemplo da OAB e transformarem seus exames em referência nacional, os indices de reprovação de inúmeras categorias profissionais indicarão a baixa qualidade da educação superior no Brasil, como o ponto final de uma cadeia que se inicia com a realidade que bem conhecemos como andam o ensino fundamental e médio.

Enfim, se a questão da qualidade da educação não  estiver na ordem do dia ou na chamada agenda política nacional, contiuaremos com um desempenho ridículo quando nosso país for comparado com o resto do mundo.  Lamentavelmente nossas autoridades continuam sucateando a educação pública brasileira e fazendo vistas grossas para essas arapucas que oferecem um ensino de baixa qualidade.

JUACY DA SILVA, professor universitário,  fundador, titular  e aposentado UFMT, mestre em sociologia, colaborador/articulista de A Gazeta há mais de 18 anos. Email professor.juacy@yahoo.com.br  Twitter@profjuacy

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