DESAFIOS DA BAIXADA
CUIABANA (3)
JUACY DA SILVA
Um Plano de
desenvolvimento regional, integrado, participativo e sustentável jamais pode ser elaborado a partir de idéias desconexas, sem um
diagnóstico aprofundado da realidade objeto
das ações públicas e privadas que devam ocorrer em um determinado
espaço ou território. Caso isto
ocorrada, assemelha-se `as construções populares em áreas de risco, com
puxadinhos um ao lado do outro ou um em cima do outro, sem obedecer `a estética, funcionalidade e segurança. Enfim,
é necessária uma metodologia para nortear
os trabalhos e integrar as contribuições e o esforço dos participantes.
Este é mais um desafio
para as pessoas que estão`a frente desta empreitada e esforço que é estimular, articular e dinamizar o processo de desenvolvimento
dos 13 municípios que integram a região do Vale do Rio Cuiabá, ou popularmente
conhecida como Baixada Cuiabana, incluindo parlamentares da Frente que tem
este objetivo, a equipe técnica da Assembléia Legislativa,
pessoas de alto gabarito e experientes, prefeitos, vereadores e também
representantes de outros setores públicos e privados, principalmente
técnicos e gestores das diversas secretarias do Poder
Executivo estadual.
Para planejar, em qualquer nível ou dimensão, é preciso, é fundamental
ter e utilizar um método, dentre os muitos que existem
na literatura e nas experiências de planejamento, desenvolvimento
regional, desenvolvimento urbano e
sustentabilidade. Sem método não se chega a lugar algum, perde-se muito tempo,
recursos financeiros e outros mais e acaba frustrando tanto os participantes
quanto a população envolvidos no processo.
O primeiro passo é o
diagnóstico da realidade do território escolhido, no caso, a Baixada Cuiabana.
Neste diagnóstico é importante conhecer
o aspecto demográfico, a trajetória recente,
a situação presente e o
prognóstico ou seja quais as tendências
para o futuro, considerando o horizonte que o plano , seus programas, projetos
e ações devam ser realizadas. Isto responde `as questões:
para quem estamos planejando? Para que estamos planejando? Por que estamos
planejando? Qual a duração do Plano? Quanto será o custo total e seus
desdobramentos? Quais as fontes dos recursos que darão sustentação ao plano
para o que mesmo não seja apenas um documento para enfeitar prateleiras de
gabinetes ou usado como objeto de
discursos?
A população deve ser
analisada em relação `a sua distribuição espacial, rural/urbana, periurbana; a
distribuição por faixa etária, a composição por sexo, o nível sócio-econômico,
educacional, condições sanitárias e ocupação, bem como outros aspctos que o
plano possa exigir.
Por exemplo, se
não sabemos quantas pessoas estão em determinadas
faixas etárias e como
estará esta distribuição em cinco, dez ou vinte anos, como será possivel
determinar a demanda por creches, por escolas de ensino fundamental , médio e superior?
Como definir projetos que atendam a população idosa se não sabemos quantas pessoas
estarão com 65 anos emais na
atualidade ou um futuro de médio
e longo prazo? O mesmo em relação `a demanda de saúde, saneamento, segurança
pública, habitação, infra-estrutura e assim por diante.
Outro aspecto
importante nesta metodologia, é
identificar a estrutura da organização
econômica, o Sistema produtivo, o mercado consumidor local, sub-regional (Baixada),
estadual, nacional ou até
internacional, e também os níveis
e tipos de tecnologias utilizadas no sistema produtivo . A inovação e
adoção de novas práticas produtivas são fundamentais para superar sistemas tradicionais
e anti-econômicos ou de baixa produtividade. É muito melhor, social e economicamente falando, a geração e aumento da renda da população que está na base da pirâmide social, os
excluidos, através do trabalho, de preferência sob a forma de economia solidária, do que a
transferência direta de renda através de programas assistencialistas e
politicamente manipuladores.
Também é importante que a metodologia contemple um diagnóstico da situação das administrações públicas, poderes executivos e legislativos municipais, incluindo as peças orçamentárias: PPA municipal, LDO E LOA, abrangendo o período de 2014 até
2017, os dois últimos anos das atuais
administrações e o primeiro ano da próxima gestão.
Pela análise dessas peças
orçamentárias é possivl identificar as políticas públicas de
responsabilidade dos municípios e as
prioridades constantes para este
período.
De forma semelhante, é
imprescindível que também seja feito um diagóstico das políticas, programas e projetos de responsabilidade dos Governos
federal e estadual que estão sendo desenvolvidos na região e em cada município, incluindo todas as áreas da administração pública. Neste aspecto é
importante analisar os PPA do Governo Federal e estadual relativo ao período de
2016 a 2019, onde constam essas políticas, programas e recursos a serem
alocados para os municípios da região. Da mesma forma os convênios entre
municípios, estado e união.
A definição dos eixos estratégicos,
norteadores do Plano estratégico de Desenvolvimento integrado e
sustentável, alavancadores das mudanças na região
deve ser feita através da
participação efetiva da população, onde
as pessoas diretamente ou através das organizações não governamentais
e representantes da sociedade civil, jamais através da imposição das propostas oriundas
apenas das lideranças políticas ou gestores
governamentais. A população deve
ser a força propulsora e a razão de ser do desenvolvimento, seja como
contribuinte seja como eleitor, enfim,
planejamento, desenvolvimento e
cidadania devem caminhar juntos.
Outros aspectos deste detalhamento
metodológico deverão ser apresenntados
nos próximos artigos.
JUACY DA SILVA,
professor universitário, fundador,
titular e aposentado UFMT, mestre
em sociologia, articulista de A
Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br
Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
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