DESAFIOS DA BAIXADA
CUIABANA (5)
JUACY DA SILVA
Esta é uma das regiões
de mais antigo povoamento em nosso Estado e no interior do Brasil, cabendo
destacar que dentro de menos de quatro anos, Cuiabá, que é a capital de Mato
Grosso e que conta com a maior população
urbana do Estado, deverá estar
completando 300 anos, em abril de 2019.
Os desafios
que afetam os 13
municípios que integram a região são enormes e complexos, alguns datam de
décadas, desde altos índices de pobreza e exclusão social, serviços de saúde de péssima qualidade, um verdadeiro caos,
obrigando que a maioria da população da
região tenha que se
deslocar até Cuiabá para tentar atendimento, o que nem sempre é possivel, e
ainda aumenta a precariedade e o caos que há anos vive a saúde pública da
capital; educação de baixa qualidade, mão-de-obra sem
qualificação para a demanda de uma
economia que sofre os impactos
dos avanços da ciência e da tecnologia; degradação ambiental, com a morte de nascentes, de
córregos e ribeirões que formam a
bacia do Rio Cuiabá, que está se
transformando em um dos maiores esgotos a céu aberto do Brasil e dentro em
breve deverá estar pior do que o
Rio Tietê; degradação do solo, destruição
da cobertura vegetal e outros problemas ambientais.
De forma semelhante,
apesar de grande potencial na área do turismo, a infra-estrurura física e de serviços está aquem das necessidades e das
exigências de uma demanda crescente
nesta área. A insegurança e o
aumento da violência também é um ponto
de estrangulamento no processo de
desenvolvimento afetando a população e
as atividades econômicas.
Finalmente, sem que com
isto seja esgotado o elenco dos desafios, temos
a questão institucional, ou seja,
na região estão e serão desenvolvidas inúmeras ações de
responsabilidade direta dos diversos entes federados: União, Estados e
municípios, com seus diversos organismos
ou níveis de poder. O problema é que
essas ações não são integradas, `as vezes estão superpostas, ou em competição, representando desperdício
de dinheiro público e de recursos humanos ou de outra natureza, não atingindo
os objetivos e metas para as quais foram programadas.
Na verdade cada órgão público tem uma visão
diferente da realidade e das
necessidades da população e de cada município, tornando extremamente
difícil ou quase impossível a
construção de um plano de desenvolvimnto estratégico, integrado,
participativo e sustentável, com horizonte de longo prazo, digamos
15 ou 20 anos. O máximo
que os governos federal, estadual
e municipais conseguem fazer é a
elaboração dos respectivos PPAs, LDOs e
LOAs, com duração de apenas 4 anos e no caso das duas últimas de caráter anual,
mesmo assim, com a troca de commando politico, tudo volta a estaca zero e continuamos com o mesmo e eterno re-começo.
Parece que cada
Presidente da República, cada
Governador e cada prefeito,ou até cada
ministro e secretário estadual ou municipal que assume ou que chega a um dterminado nível de poder
imagina que vai começar do zero, abandona tudo o que foi “planejado’ ou idealizado pelo antecessor e perde-se
praticamente um ano para tornar a planejar o
que deveria ser apenas a
continuidade das ações, mesmo que não haja a continuidade dos partidos e
governantes no poder, o que, diga-se de passagem é a regra de uma
verdadeira democracia.
Isto beira o caos como por exemplo na área
de saúde em Cuiabá onde a duração da permanência dos secretários no
cargo em determinados períodos não chega sequer a dois anos, além das eternas reformas administrativas que extinguem órgaos e
em seu lugar outros são criados ou
recriados, como foi o caso do IPDU e de diversas secretarias em Cuiabá. O
mesmo acontece no Estado, cada governo
que toma posse sempre resolve fazer
reformas administrativas e mudar o
modelo de gestão,além de
constantes investigaçoes e auditorias, paralizando por meses ou até anos o que vinha sendo realizado.
Por exemplo, o
caso das constantes substituições de
prefeitos em Várzea Grande, segundo
município mais populoso e terceiro em PIB do Estado, demonstram como as
questões institucionais afetam, negativamente,
a elaboração de planos e a definição , execucão, acompnhamento
e avaliação de programas, projetos e
ações por parte dos poderes públicos. Tudo
isso prejudica o desenvolvimento
da região e contribui para a
insegurança institucional e jurídica de
empresas e pessoas que necessitam dos
serviços publicos, de preferência contínuos e de boa qualidade. O caso da água e esgotamento sanitário é outro
exemplo da falta de rumo e de planejamento estratégico no município que é a
locomotive da região.
No aspecto institucional, alem desses níveis de
governos,com suas estruturas como ministérios, secretarias, autarquias, também
existem outros entes como a
coordenação da Região Metropolitana, constituida
por Cuiabá, Várzea Grande , Nossa Senhora
do Livramento e Santo Antônio do
Lever, que substituiu o antiga Aglurb – Aglomerado urbano Cuiabá/Várzea Grande. Existe também há
quase duas décadas o Consórcio dos
municípios do Vale do Rio Cuiabá, entidade surgida para facilitar as articulações dos programas,projetos e ações que demandam uma atuação intermunicipal como a questão ambiental, o transporte urbano e interurbano
na região; a saúde, a infra-estrutura, o
abastecimento e outras mais.
De forma semelhante
não se pode olvidar a existência dos Comitês de Bacias hidrográficas, instituidos por Leis
Federal e Estadual com a responsabilidade de articular,
monitorar e fiscalizar a gestão dos
recursos hídrigos em cada bacia. No caso da Baixada Cuiabana existe
, vinculado `a Secretaria
Estadual de Meio Ambiente o Comitê da Margem esquerda do Rio Cuiabá.
Todavia, nem sempre,por mais importante que é tem se transformado a questão da água na
atualidade, essas instâncias participam
de um planejamento global, seja para uma região
seja para o Estado como um todo.
Outro desafio é definir
os níveis de coordenação e direção em um
plano estratégico de desenvolvimento integrado, participativo e
sustentável, a quem, em termos de organismo público compete as
articulações, a coordenação, o
acompanhamento e avaliação dos diversos pogramas, projetos e ações que
devem estar contemplados no Plano?
Qual o papel de cada
ente público e privado, como poder executivo federal, estadual e municipal; dos poderes legislativos correspondenntes ou
seja, senadores e deputados
federais, Assembléia Legislativa/deputados estaduais; Câmaras municipais/vereadores?
Enfim, todos esses
aspectos demandam diálogo, esforço conjunto e divisão de tarefas e atribuições.
Sem isso nenhum plano jamais poderá
sair do papel e vamos continuar vendo
apenas perda de tempo, de recursos, de energia e de dinheiro público e a dinâmica
regional continuará a mesma como vem acontecendo há décadas, frustando a
população, gestores públicos, empresários e trabalhadores.
JUACY DA SILVA, professor fundador, titular e aposentado
UFMT, mestre em sociologia,
articulista de jornais, sites e blogs. Email professor.juacy@yahoo.com.br Twitter@profjuacy
Blog www.professorjuacy.blogspot.com
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