VIOLÊNCIA ABERTA E
OCULTA (2)
JUACY DA SILVA
Dando continuidade
`a reflexão contida no artigo anterior
sob o mesmo título, quando, além de apresentar uma classificação geral das formas de violências e as pessoas
ou grupos sociais mais susceptíveis de serem vítimas das mesmas,fiz um destaque
bem rápido para a violência contra a mulher, um tema bem atual nas discussões
em todas as esferas de poder, organizações públicas e privadas e pela população
em geral.
Neste segundo artigo,
gostaria de mencionar um outro tipo de violência contra as mulheres
e que seus autores não são
alcançados pela Lei Maria da Penha . As consequências deste
tipo de violência é bem maior e mais cruel do que todos os crimes
incluidos pela violência doméstica, no
trabalho ou em locais públicos. Pouca gente percebe a gravidade desta violência
que é muito sentida pelas mulheres e familiares, mas que fica quase oculta aos
olhos da sociedade, dos poderes públicos e, principalmente, pelas nossas autoridades,
que, na verdade são os perpetradores desta crueldade contra as mulheres.
Estamos findando o mes
dedicado ao alerta sobre o Câncer de Mama, o OUTUBRO ROSA. `A parte da
campanha publicitária, as discussões não
chegam ao âmago da questão, ou seja, o direito que todas asmulheres, a
partir de 30 anos tem de fazerem diagnósticos precoces, principalmente aquelas
que tem familiares que foram
diagnosticadas com câncer de mama
ou outro tipo de câncer ou que vieram a
morrer decorrente desta doença.
Enquaanto mulheres das classes alta e média possuem recursos financeiros ou planos de saúde para
buscarem atendimento médico,hospitalar ou ambulatorial, as mulheres
pobres, integrantes de grupos excluídos
social e economicamente em nosso país, dependem única e exclusivamente do
Sistema único de saúde, o SUS, que é bonito, lindo em sua concepção, mas um verdadeiro caos e vergonha nacional.
Alguém deveria sugerir que nossas
autoridades fossem obrigadas a serem atendidas pelo SUS e ficarem em filas por meses, em corredores
fétidos de unidades de saúde e hospitais públicos como os que os meios de comunicação de
massa mostram diariamente. Só assim,
iriam prceber o nível de violência e humilhação que os usuários do SUS sofrem,
principalmente as mulheres.
Pouco se diz de que em
torno de 85% dos municípios brasileiros não tem um mamógrafo sequer, ou
laboratórios para que seja possível a realização de outros exames como
papa nicolau ou outros que possam contribuir para diagnósticos precoces da doença.
Enquanto 4.500 mulheres
são assasinadas no Brasil e isto causa uma grande comoção, o que é justo
e correto quando nos indignamos contra
esta barbárie, em 2012 nada menos
do que 103.606 mulheres foram a óbito tendo como causa todos os tipos
de câncer, com destaque para o Câncer de mama que ceifou 16.412 mil mulheres. Dados
estatísticos da Globocan, instituição de pesquisa e alerta sobre o câncer,
vinculada `a Organização Mundial da
Saúde, demonstram que a situação
relacionada com o câncer é extrremamente
grave e sua tendência é muito alarmante
no Brasil.
As projeções da
Globocan para o Brasil indicam que,
`a medida que a população envelhece e a
saúde pública continua vivendo um
verdadeiro caos, entre 2012 e 2025 as
mortes por câncer deverão atingir
1.76.376 mil mulheres e 2.070.474 mil homens.
Isto representa uma média de mortalidade anual geral de 274.12; a média anual para homens é de
147.891 e para as mulheres 126.241.
No caso das mulheres as
mortes por câncer representam 28 vezes
mais do que a média dos feminicídios – assassinatos de mulhres. Enquanto os
assassinos de mulheres podem ser alcançados pela justiça e levados `as barras dos tribunais e condenados, tendo como
instrumentos de defesa a Lei Maria da
Penha, e os códigos penal e de processo
penal, as mortes de centanas de
milhares de mulheres por câncer, seus autores jamais serão pegos, pois estão
a salvo nas entranhas burocráticas e na corrupção que rouba o dinheiro público necessário para
construir e equipar hospitais, laboratórios, contratar e pagar profissionais
capacitados para atendimento nesta área, prover tratamento, medicamentos para
as pacientes.
Em 2015 o câncer de mama deverá ceifar a vida de 17..872 mil mulheres, o de útero mais 9.100; de ovário
4.211; de pulmão 12.233; de colorectal mais 9..974 e de estômago 6.072.
Apenas esses seis tipos de câncer serão
responsáveis por quase 60 mil mortes de mulheres, principalmente a
partir da faixa etária dos 30 anos,
agravando-se mais a partir da faixa de
49 anos.
Somente durante esses cinco
anos de mandato da Presidente Dilma, a
primeira presidente mulher do Brasil e que só neste ano cortou mais de 11
bilhões de reais do Ministério da Saúde, o câncer e o caos na saúde pública deverão matar mais de 265 mil mulheres. Com certeza
esta é a maior violência que está sendo cometida contra as mulheres
brasileiras. Enquanto isso os Governos Lula/Dilma/PT seus aliados vem cortando sistematicamente
bilhões de reais da saúde pública,
com a justificativa de um equillíbrio fiscal que, na verdade, é um engodo para não dizer que a
grande prioridade do Governo Federal é o pagamento de juros, encargos e a rolagem da dívida
pública que em setembro ultimo atingiu
mais de 2,7 trilhões de reais. Só de juros sobre esta dívida impagável o Governo Dilma tem gasto mais de
300 bilhões por ano, enquanto
para o combate ao câncer e a saúde pública sobram praticamente migalhas
depois da parte que vai para alimentar os lucros e acumulação de capital
dos grandes bancos e instituições financeiras nacionais e internacionais.
JUACY DA SILVA,professor
universitário, fundador, titular e aposentado UFMT, mestre
em sociologia, articulista de jornais, sites e blogs de MT e de alguns
outros estados. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy
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